25 de novembro de 2024
São Luís recebe coletivos do Amapá e São Paulo no
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Lugar da Chuva, espetáculo criado a partir do intercâmbio entre o coletivo amapaense Frêmito Teatro e o Agrupamento Cynétiko, grupo paulistano que viajou até Macapá para colaborar na criação do espetáculo, realiza apresentações gratuitas nos dias 15,16 e 17 de agosto, no Teatro Sesc Napoleão Ewerton, em São Luís.

A peça, que conta a trajetória de dois viajantes que navegam por terras amapaenses, apresenta uma visão sobre o Amapá tanto do ponto de vista de quem é nativo, quanto do olhar “de fora”, buscando um lugar de troca onde se possa construir a reflexão.

(Foto: Nu Abe/Divulgação)

Logo no início da peça, os atores Raphael Brito e Wellington Dias recepcionam o público e o convida a entrar num barco imaginário, por onde a viagem se inicia. A partir daí, numa espécie de jogo narrativo onde não há personagens fixos, eles vão conduzindo a imaginação do espectador por diversos locais reais e fictícios do Amapá.

O texto escrito por Ave Terrena, levantado a partir da sua vivência na cidade, é definido pela autora como uma “dramaturgia cartográfica”, onde cada cena é uma ilha independente, mas que está em composição com o todo, apostando numa ousada mistura de fluxo narrativo e poético nas falas.

Na família linguística tupi-guarani “Lugar da Chuva” é o significado da palavra ama’pá,. O roteiro é fruto das experiências vividas durante uma viagem pelo território amapaense realizada entre novembro e dezembro de 2017. Durante essa residência, os coletivos acionaram vivências criativas em locais significativos do entorno da capital, compartilhando a criação de maneira colaborativa e processual. O atravessamento mútuo entre os artistas e os ambientes nutriram a construção da dramaturgia, do vídeo e da direção de arte.

(Foto: Nu Abe/Divulgação)

Na sala de ensaio, a experimentação criativa buscou reimaginar, poética e cenicamente, lugares como a Fortaleza de São José, marco colonial da cidade, a Ilha de Santana, com sua floresta de samaúmas e o bairro do Araxá, com suas palafitas urbanas.

Em cena, se entremeiam reflexões sobre uma Amazônia atual, urbana, globalizada, com as questões que movimentam esse momento. Paralelo a isso, o espelhamento e estranhamento com a natureza, ancestralidades e tradições, buscando ir além dos estereótipos sobre a floresta enquanto um lugar inabitado e sem história.

A peça também conta com projeções de vídeo, criadas pela paulista Luciana Ramin, exibindo imagens que foram registradas em Macapá durante o processo de criação. O material bruto foi editado pela artista tendo como inspiração a estética da videoarte, em que ela busca reimaginar as paisagens amapaenses a partir de um viés mais poético e menos documental.

(Foto: Nu Abe/Divulgação)

O cenário do espetáculo é minimalista, composto de peças compactas e modulares que podem se adaptar a diferentes espaços, permitindo assim, que a peça seja viajante assim como seus narradores. A proposta da cenógrafa Daniele Desierrê foi compor com diferentes elementos visuais, táteis e olfativos que fazem parte do modo de vida na Amazônia, tendo em conta o fluxo contínuo entre a cidade e a floresta. Boa parte dos elementos utilizados foram coletados por ela durante a residência em Macapá e Santana.

A concepção geral do projeto é do diretor e produtor amapaense Otávio Oscar, que deu início à proposta assumindo o desafio de repensar, através do teatro, o lugar da identidade e da cultura amazônicas, que agora não são mais definidas apenas pelas tradições e ancestralidades, mas também por essa nova faceta globalizada que é a Amazônia urbana.

Além das apresentações, o grupo oferece uma oficina teatral chamada ‘O Ator Fluvial’, onde compartilha com atores e não-atores, com ou sem experiência, um pouco dos conceitos que permeiam a construção do trabalho dos atores para o espetáculo.

A circulação do Lugar de Chuva pelo Maranhão e Pará é realizada com patrocínio do Instituto Cultural Vale, através da Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura e Governo Federal.

Sinopse

O espetáculo Lugar da Chuva é uma viagem afetiva e poética pela Amazônia amapaense, fruto de uma residência artística na cidade de Macapá e seus arredores. A dramaturgia cartográfica, que organiza o texto por ilhas, navega por diversos locais na foz do Rio Amazonas, reinventando cenicamente as sensações e reflexões que atravessam os corpos durante o seu percurso entre a cidade e a floresta, entre o mato e concreto, entre o rio e a rua.

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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2024/08/sao-luis-recebe-coletivos-do-amapa-e-sao-paulo-no-teatro-sesc-napoleao-ewerton/