23 de novembro de 2024
Sentiu um cheiro ruim no vinho? Estudo descobriu o culpado
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Os vinhos enlatados ainda não são um grande sucesso no Brasil, mas em breve é possível que você veja mais opções ao lado dos refrigerantes no mercado. Apesar de prática, essa modalidade da bebida ainda enfrenta um problema que pode dificultar a popularização: o cheiro ruim.

Calma, não tem nada a ver com a qualidade do vinho em si. Um novo estudo descobriu o culpado por trás disso.

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Cheiro ruim do vinho enlatado

O verdadeiro culpado pelo cheiro ruim do vinho é o pacote completo: a interação entre a bebida, o revestimento interno e a lata.

Toda essa descoberta começou quando Gavin Sacks, um professor de ciência de alimentos na Faculdade de Agricultura e Ciências da Vida da Universidade Cornell, uma das principais instituições agrícolas do mundo, foi abordado por produtores de vinho sobre problemas de qualidade da bebida enlatada. Eles relatavam corrosão, vazamentos e cheiro ruim, descrito como “cheiro de ovo podre”.

Os produtores explicaram que seguiram todas as recomendações dos fornecedores de lata, mas ainda assim sentiam o cheiro (algo que não acontece na versão engarrafada).

Então, Sacks decidiu descobrir quais compostos eram o problema na relação entre o vinho e as latas – afinal, ninguém nunca sentiu cheiro de ovo podre vindo de uma Coca-Cola.

(Imagem: olgakimphoto/Shutterstock)

Como foi a pesquisa

  • Ele se juntou à outra professora da faculdade, Julie Goddard, e eles combinaram o conhecimento em química ao conhecimento sobre embalagens;
  • Então, eles começaram uma série de experimentos a partir da composição química dos vinhos comerciais. Depois, avaliaram aspectos de corrosão e dos aromas estranhos relatados;
  • Como havia uma variedade de compostos que poderiam ser o problema, a pesquisa foi extensa. Ao longo de oito meses, eles armazenaram amostras de vinho em diferentes latas com diferentes revestimentos internos, sob diferentes condições de armazenamento;
  • Eles também criaram seu próprio vinho com compostos específicos, para avaliar se algum deles seria o problema.

Culpado pelo cheiro dos vinhos

Em todas as abordagens, eles chegaram a uma conclusão: o culpado pela corrosão e pelo aroma estranho era uma forma molecular de dióxido de enxofre. Esse composto é usado por produtores como antioxidante e antimicrobiano.

O problema é que o revestimento interno das latas não estava impedindo totalmente a interação entre o dióxido de enxofre da bebida com o alumínio da lata, resultado na produção de um terceiro composto, o sulfeto de hidrogênio. Coincidentemente, ele tem um cheiro ruim, descrito como “cheiro de ovo podre”.

Análise dos revestimentos internos da lata de vinho (Imagem: American Journal of Enology and Viticulture/Reprodução)

Qual a solução?

Mas se o composto é comum nos vinhos comerciais, como solucionar o problema?

Segundos os pesquisadores, a resposta é diminuir a concentração de dióxido de enxofre ao mesmo tempo que mudar o revestimento interno das latas.

Basicamente, de acordo com o Phys.org, o segredo é trabalhar abaixo do “limite” do que daria errado. Ainda é possível haver problemas na oxidação, mas essa possibilidade diminui com as mudanças propostas.

Mais descobertas sobre um vinho

As descobertas sobre o vinho não pararam por ai:

  • Um artigo de acompanhamento escrito por estudantes de doutorado estudou como a variação dos revestimentos em latas afeta a formação do sulfeto de hidrogênio (aquele com cheiro ruim);
  • Eles descobriram que, apesar de não ser tão importante quanto a composição química, ele ainda tinha parte importante no resultado final do vinho enlatado e, quando mais espesso o revestimento, menos corrosão. Consequentemente, a bebida dura mais tempo enlatada;
  • Só que não é tão simples assim. Sacks explicou que revestimentos mais grossos também são mais caros de produzir e mais poluentes, porque mais plástico é queimado no processo de reciclagem do alumínio descartado.

Agora, o grupo vai se dedicar a projetar revestimentos robustos e menos poluentes, na tentativa de corresponder à demanda do mercado.

A geração atual de consumidores de vinho, que está atingindo a maioridade, quer uma bebida que seja portátil e que possa levar consigo para beber em um show ou para levar para a piscina. Isso realmente não descreve um vinho embalado em vidro com acabamento em cortiça. No entanto, descreve uma lata muito bem.

Gavin Sacks

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/04/18/ciencia-e-espaco/sentiu-um-cheiro-ruim-no-vinho-estudo-descobriu-o-culpado/