22 de setembro de 2024
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Técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Paulo Jager apresentou dados preocupantes, nesta segunda-feira (19/08), durante audiência pública na Comissão do Trabalho, da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), sobre as condições de trabalho no sistema penitenciário estadual. Segundo uma pesquisa realizada em 2023, a média nos presídios brasileiros é de um agente penitenciário para cada cinco presos. Nos presídios do Rio, essa proporção é de um agente penal para cada 12 detentos.

“Esse é um dos indicadores que mostram o excesso da carga de trabalho desses profissionais e a dificuldade de fornecer o serviço de maneira adequada. O Rio de Janeiro está nessa posição em 2023, mas já esteve em uma situação ainda pior em anos anteriores. Esses números mostram o quanto é preciso ampliar o número de pessoas que trabalham no sistema prisional para garantir que haja ressocialização e garantia de direitos”, avaliou Jager.

A precarização no trabalho, o quadro de vagas na secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap) e a ausência de um plano de cargos e salários da categoria foi o tema da audiência. Durante o encontro, o Sindicato dos Agentes de Segurança Penal do Estado do Rio (Sindagexp) entregou a minuta de um projeto de lei para sobre o plano de cargos e a definição do número de vagas para cada cargo e uma proposta de progressão.

Ficou acordado ainda que a Comissão da Alerj deverá realizar, em outubro, uma nova reunião com a Seap e o Sindagexp para acompanhar o andamento das discussões da Progressão, Planos de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) e do quadro de vagas da categoria. De acordo com o deputado Flávio Serafini (PSol), integrante do colegiado, atualmente não existe um quadro de vagas dos cargos de agentes de execução penal.

“A gente não sabe quantos médicos, enfermeiros e assistentes sociais têm ou deveriam ter na Seap. Não há mudança de nível na carreira. Essa é uma desvalorização que não existe em outras áreas do serviço público. Por isso, hoje o sindicato encaminhou uma minuta de um projeto de lei para que haja um quadro das carreiras da execução penal, definindo o número de vagas para cada cargo e uma proposta de progressão, que vai ser um avanço para que a gente tenha uma política de execuções penais mais efetiva e eficiente”, pontuou o parlamentar.

Para a presidente do colegiado, deputada Dani Balbi (PCdoB), também há a necessidade de aumento do efetivo através de concurso público.

“Hoje, nós temos 352 agentes e nos últimos 25 anos observamos uma diminuição drástica nesse número. Em 1995, tínhamos 1.200 agentes, dentre médicos, dentistas, enfermeiros, psicólogos, e hoje nós temos apenas 352. Temos pouquíssimos médicos e apenas uma ginecologista para atender toda a população carcerária”, destacou a deputada.

Durante a reunião, o presidente Sindagexp, Vitor André, informou que o PCCS da categoria está paralisado desde 2010.

“Para o serviço público, isso é inadmissível porque temos vários profissionais que estão trabalhando há mais de 30 anos na secretaria e não têm os direitos deles estabelecidos por uma ação que deveria ser da Administração Pública”, comentou o agente.

Na semana passada, a categoria conquistou um importante avanço. O Governo do Estado publicou a extensão da Gratificação de Valorização Profissional (GVP) aos veteranos e pensionistas da categoria de Policiais Penais.

“A publicação da GVP parecia algo impossível de acontecer. Conseguimos que os inativos também fossem alcançados. Então, isso é algo importantíssimo para o nosso caminhar em relação à progressão”, disse Vitor André.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/deficit-de-agentes-penais-no-estado-para-atender-presos-e-um-dos-maiores-do-pais/