20 de setembro de 2024
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Integrantes históricos do MDB acreditam que o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, candidato à reeleição, cometeu um erro estratégico ao declarar apoio explícito ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Esse alinhamento se consolidou com a indicação de Mello Araújo, do PL, como vice em sua chapa, além da presença de Bolsonaro no lançamento da campanha.

Líderes do partido apontam que essa escolha de Nunes praticamente eliminou a possibilidade de conquistar o eleitorado de centro, que herdou o voto de Bruno Covas, falecido em 2021. Nunes assumiu a prefeitura como vice de Covas e, para os caciques do MDB, a estratégia deveria ter sido deixar uma dúvida no eleitor sobre sua proximidade com Bolsonaro. Isso poderia preservar os votos daqueles que não simpatizam com a extrema-direita. Dados do Datafolha mostram que Bolsonaro enfrenta rejeição significativa em São Paulo, com 61% dos eleitores afirmando que não votariam em um candidato apoiado por ele.

A pesquisa Quaest, divulgada nessa quarta-feira, revela que Nunes caiu de 24% das intenções de voto em junho para 19% em agosto. Parte dessa perda se deve ao eleitorado bolsonarista que migrou para Pablo Marçal (PRTB). Em junho, Nunes tinha o apoio de 36% dos eleitores que votaram em Bolsonaro no segundo turno de 2022, enquanto Marçal contava com 24%. Na pesquisa atual, Marçal subiu para 39%, contra 33% de Nunes. No entanto, os emedebistas avaliam que o apoio explícito a Bolsonaro pode estar afastando eleitores de centro do atual prefeito de São Paulo.

Segundo o entendimento dos caciques do MDB, o apoio de Bolsonaro poderia ter sido mais discreto, com a presença no palanque ficando apenas a cargo do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que é aliado do ex-presidente, mas é visto como uma figura mais moderada.

— O apoio do ex-presidente e do governador são muito importantes para a eleição do Nunes — contemporiza o deputado federal Baleia Rossi, presidente nacional do MDB e um dos principais nomes da coordenação da campanha de Nunes.

O vereador Rubinho Nunes (União Brasil), da base de Nunes, declarou apoio ontem à candidatura de Marçal. Embora Rubinho afirme que tomou a decisão sozinho, fontes no partido dizem que a insatisfação na legenda é mais profunda, e a mudança, vinda de um nome próximo ao principal cacique do União Brasil na cidade, o vereador Milton Leite, pode inaugurar um desembarque maior de filiados à sigla da campanha de Nunes.

Rubinho divulgou um vídeo em que está ao lado de Marçal, a quem chama de “prefeito de São Paulo”. O vereador também fez o gesto com o “M”, marca do candidato do PRTB. O ex-coach retribuiu o afago sugerindo que Rubinho pode ser o futuro presidente da Câmara Municipal. Ambos estarão juntos em evento da campanha de Rubinho na manhã de hoje, na Zona Sul. Na gestão de Nunes, Rubinho foi presidente da Comissão de Política Urbana e apoiou a revisão do Plano Diretor.

Com informações de O Globo.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/membros-historicos-do-mdb-veem-como-erro-estrategico-apoio-explicito-de-ricardo-nunes-a-bolsonaro/