O aumento dos gastos em jogos de apostas online, também conhecidos como “bets”, pode ter efeitos dramáticos para as famílias brasileiras e também para a economia do país como um todo. Segundo análises do Banco Central, isso pode acabar diminuindo a renda disponível para o consumo e o pagamento de dívidas, o que interromperia a queda dos níveis de endividamento no Brasil.
Quantia usada pelos brasileiros em apostas mais do que dobrou
Em palestra realizada no Rio de Janeiro, o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, indicado pelo governo Lula para assumir a presidência do Banco Central, afirmou que “o aumento da renda, sem acompanhamento da poupança e consumo, pode estar vazando para as bets”. Ele apontou que relatos de preocupações de bancos e redes de varejo com a situação já chegaram ao BC.
Já para a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), há uma “bomba relógio” contratada sobre as finanças de milhões de famílias. A entidade alerta que a situação, em última instância, levaria os bancos a ficarem mais seletivos na concessão do crédito. Por isso, o presidente Isaac Sidney defende que o uso dos cartões de crédito sejam proibidos imediatamente para o pagamento de apostas, e não em janeiro, como determina portaria do Ministério da Fazenda.
Recentemente, um estudo do Instituto Locomotiva apontou que 25 milhões de brasileiros apostaram nos últimos seis meses e 86% dos apostadores já estão endividados. Outra pesquisa mostrou que o Brasil já tem mais apostadores do que investidores e que muitos brasileiros confundem as apostas online com algum tipo de investimento.
De acordo com um levantamento do Santander, estima-se que os brasileiros tenham gasto entre R$ 100 bilhões e R$ 150 bilhões com jogos em 2023, incluindo não só as apostas online, mas também as loterias federais e as atividades que permanecem ilegais, caso do jogo do bicho. O documento, que analisou o período de 2018 até o ano passado, aponta que os gastos com jogos mais do que dobraram, saltando de 0,8% da renda das famílias para 1,9%.
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Crescimento descontrolado das “bets”
- Procurado, o Ministério da Fazenda afirmou que a legalização das bets ocorreu em 2018, mas sem a sua devida regulação.
- Na visão do governo, isso permitiu um crescimento descontrolado das apostas, com agentes operando fora do território nacional, e grupos praticando fraudes e delitos como lavagem de dinheiro.
- Posição semelhante tem o presidente do Instituto Jogo Legal, que representa o setor.
- Magnho José, destacou que o mercado de apostas brasileiro chegou ao estágio atual devido à falta de regulamentação no prazo inicialmente previsto.
- Na proposta do governo de Michel Temer, o setor deveria ter sido regulado dentro de dois anos, com prazo prorrogável por mais dois, mas isso só ocorreu agora.
- Além da fiscalização das novas regras, o governo federal promete realizar campanhas educativas com o objetivo de mostrar para os brasileiros que estas apostas devem ser entendidas apenas como forma de entretenimento, e não como complemento de renda ou investimento.
- O Ministério da Fazenda ainda observa que tais gastos não podem colocar sua saúde mental e financeira em risco.
- Empresas do setor, como Bet7K, Bet Nacional e Betano, não se pronunciaram oficialmente sobre o assunto.
- As informações são do Estadão.
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