Os transtornos causados pela população com os recorrentes furtos e roubos da fiação dos sistemas de distribuição de energia elétrica e internet, na cidade, tem nome e sobrenome, conforme informou a Polícia, com base em levantamentos e investigações realizadas.
A assertiva é do delegado Paulo Roberto de Carvalho, titular do Departamento de Combate aos Crimes Delegados, da Superintendência Estadual de Investigações Criminais. Toda cidade sabe que os furtos dos fios das redes de distribuição, são praticados por pessoas que compõem o universo, cada vez mais crescente, de pessoas dependentes químicos que povoam as chamadas cracolândia e povoam as ruas da cidade para a prática da ilicitude, mas, conforme o delegado Paulo Roberto, estes criminosos, são responsáveis pela menor fatia das ocorrências. Ele afirma que, conforme os seus estudos, os dependentes químicos, que já estão sendo identificados pelos pseudônimos de “Fritões”, são responsáveis por apenas 2% das ocorrências, cabendo à culpa dos 98% restantes às próprias operadoras que de forma organizada são responsáveis pela prática delituosa.
Os fritões agem de forma mais audaciosa, à luz do dia em qualquer lugar com menor movimentação de pessoas. Na terça-feira, dia 27, a Polícia Militar surpreendeu um fritão roubando cabos, na rua Assis Chateaubriand, no Renascença II, em frente à sede de O IMPARCIAL. Foi imobilizado e conduzido para uma unidade da Polícia Judiciária.
Explica o delegado Paulo Roberto, que o crime é praticado sob encomenda pelas operadoras dos serviços de telecomunicações (telefonia e outros serviços oferecidos, que por não terem vagas no sistema de fiação para colocar os seus fios, contratam grupos especializados para roubar os fios das operadoras de maior porte, para abrir vagas para os seus respectivos sistemas). A quadrilha é organizada e “trabalha” durante a madrugada nas áreas de interesse da operadora contratante que ali deseja se instalar. Os ladrões agem com o uso de carro caracterizado e homens com fardas de empresas e equipamentos de EPI’s, para confundir a população e as Forças de Segurança, que ao vê-los na ação delitiva, imaginam se tratar de operários, de fato, trabalhando.
Os bandidos, por serem especializados, identificam a fiação da operadora a ser vitimada, puxam o cabo e amarram ao veículo que estão utilizando e usam para puxar quilômetros de cabo que são substituídos posteriormente pelos canos da operadora que contratou o roubo. O cabo subtraído é vendido a donos de casas de comercialização de material reciclável, chamadas de “Sucatas”.
A polícia investiga
As autoridades do Departamento de Combate aos Crimes Delegados estão desenvolvendo investigações e operações, visando identificar estas quadrilhas organizadas, mas já tem conseguido identificar as operadoras que contratam os trabalhos sujos, através de identificação da operadora que passa a ocupar a vaga conseguida, através dos cabos que substituíram os cabos roubados. “Sucateiros” têm sido presos e indiciados por crime de receptação, mas não declinam sobre a identidade das pessoas que lhes vendem os produtos dos roubos.
Conforme o delegado Paulo, o serviço da Polícia está ficando cada vez, mas difícil, visto que os sucateiros, com o propósito de escapar das ações da polícia, estão terceirizando a compra do material roubado com pequenos comerciantes dos bairros periféricos ou existentes próximos das chamadas “cracolândias”. Dessa forma quando a Polícia realizada uma “batida” na sucata não encontra o material roubado, visto o comerciante que compra dos fritões, acumula o produto e quando entrega ao sucateiro, este prepara para enviar de imediato para os compradores de outras unidades da federação, que manufaturam transformando em produtos de uso doméstico e afins.
Há também a suspeita de que a transação na compra dos cabos já transformados em “cabelos de bruxa” esteja se dando em forma de escambo com droga, ou seja, os compradores já estão pagando os fritões com a droga desejada.
O delegado Paulo explica que o sistema de posteamento da cidade é de responsabilidade da empresa Equatorial, responsável pelo fornecimento de energia elétrica que os utiliza para distribuir alta e baixa tensão, que ocupam a parte mais alta dos postes. A parte inferior é alugada para as operadoras de telefonia e internet, o que facilita a prática ilícita dos ladrões. O roubo também é praticado nas instalações de cabos subterrâneos, que ficam nos canteiros centrais ou calçadas das avenidas e ruas. Da mesma forma acontece com a rede de fornecimento de energia. Os bandidos provocam o desligamento das redes e a consequente desenergização, do que se aproveitam para subtrair os cabos pertencentes à Equatorial.
Trocando os cabos
As operadoras estão substituindo os cabos de cobre ou bronze que são metais especiais, considerados de alta qualidade, razão porque atraem as ações dos bandidos, já que tem valor mais elevado, pelo cabeamento de fibra ótica, que não é recepcionado pelos receptadores, mas este trabalho de substituição demanda tempo, enquanto isso, os ladrões vão continuar agindo, causando transtornos para os usuários dos serviços e para as operadoras fornecedoras.
Outro fator que está dificultando o trabalho da Polícia, é o uso de tecnologia por parte dos sucateiros receptadores. A princípio, estes bandidos não compram os cabos roubados por fritões. Somente o fazem quando já foram queimados para retirar o revestimento plástico que os cobre e são transformados em bolas que são chamadas de “cabelo de bruxa” em face aos emaranhados de fios de cobre que as constituem.
Os sucateiros adquiriram maquinário que utilizam para desencapam grandes volumes de cabos roubados pelas quadrilhas especializadas. Outras máquinas realizam a prensagem do material, transformando em cubos, o que facilita a ocultação durante o transporte para outros estados que manufaturam todo material. Alguns sucateiros, já inventaram suas próprias máquinas para realizarem o trabalho de preparação do material receptado.
Além dos cabos de cobre e, ou, bronze, os receptadores compram também cabos de alumínio e até lingotes de alumínio pertencentes à Alumar, roubados dos trens, quando são transportados para o Porto do Itaqui no processo de exportação. Os bandidos conseguem romper os cabos que seguram os lingotes nos vagões do trem e estes vão agindo ao longo da ferrovia e são recolhidos pelos ladrões que os vendem aos receptadores. Os cabos roubados são cortados e prensados e juntamente com os lingotes são transportados para o estado do Ceará, onde são transformados em panelas, copos e outros utensílios de utilidade doméstica, que são distribuídos para todo o país.
Os investigadores continuam trabalhando nas investigações e operações que tem resultado nas prisões, autuações e indiciamento dos receptadores. Estes logo que são liberados pelo Judiciário, voltam à prática delitiva, o que já virou um círculo vicioso. A média de ocorrências de furtos e roubos de cabos é de 400 por mês e em recente operação, os investigadores da DCCD, comandados pelo delegado Paulo Roberto, fizeram a apreensão de 112 toneladas de material em casas de comercialização de sucatas, em São Luís.
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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2024/09/ocorrencia-de-furtos-e-roubos-de-cabos-e-de-400-por-mes-na-capital/