27 de setembro de 2024
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Foto: Divulgação


* Por Edilson Baldez

O Maranhão iniciou sua base industrial na erapombalina com a instalação do parque fabril doSítio do Físico, implantado no fim do século XVIII e início do XIX, na confluência do rio Bacanga.Seu proprietário era o Físico-mor da então Capitania Geral do Maranhão, Antônio José da Silva Pereira. O local abrigou a primeira indústria da região, com o beneficiamento do couro, arroz e ainda a fabricação de cera, cal e fogos de artifícios. 

Esse relato da história do período do marquês de Pombal, secretário de Estado do Reino de Portugal, coloca o nosso estado na dianteira da industrialização brasileira. Posteriormente, com o ciclo econômico do algodão, o estado viu prosperar uma forte indústria têxtil com seus avançados equipamentos da época pósRevolução Industrial, exportando tecidos para o mundo.  Foi um período de farta geração de empregos e agregação de valor econômico para os bens produzidos em nossa terra.

Tinham destaques a Fábrica Rio Anil, da família Jorge, a Companhia Fabril Maranhense, fundada por Nhozinho Santos e compradaposteriormente pelo grupo Aboud, a Companhia Fiação e Tecidos Maranhense(Camboa)fincada por Cândido Ribeiro e adquirida pelo empresário Francisco Aguiar e, no interior, foram relevantes a Companhia Manufatureira e Agrícola do Maranhãoem Codó, de Sebastião Archer e a Fábrica Sanharó, de Caxias, de propriedade de Eugênio de Barros.

O pesquisador Cesar Marques, autor do Dicionário Histórico do Maranhão, cita a existência de fábrica de pilar arroz, instalada em São Luís, no Desterro, em 1788. Já o historiador Jerônimo Viveiros aponta a firma Martins & Irmãos, como pioneira na extração do óleo de babaçu para aproveitamento na fabricação de sabão, em 1891.  A empresa citada foi a maior planta industrial de algodão do nosso estado. A produção de algodão no final do século XVIII foi tão importante que atingiu 25.473 arroubas do produto, gerando PIB per capita ao Maranhão deUS$ 112 no período, em contraste com os US$ 61,2, por habitante, produzido no país.

Com a derrocada da indústria têxtil, que perdeu mercado por falta de investimentos, e com a expansão do processo industrial brasileiro com a produção de bens e produtos voltados para um mercado nacional em franca expansão e de olhos no consumidor internacional, a indústria maranhense posicionou-se no mercado de óleos industriais e comestíveis com a expansão da indústria de oleaginosas do coco de babaçu.

Empresas firmaram-se como líderes de mercado, entre elas a OLEAMA, Bento Mendes, A. O. Gaspar e Chagas & Penha, criando um ciclo econômico importante para a geração de emprego e renda no Maranhão.

A nossa atual realidade industrial é a melhor mostra da força do empreendedorismo fabril praticado em nosso territórioO desempenho da indústria de transformação maranhenseapresenta resultados positivos, com a instalação de projetos estruturantes que se consolidaram posicionando o Maranhão com PIB de R$ 124,9 bilhões, o 4º maior do Nordeste brasileiro, sendo o segundo estado da região em crescimento econômico.

A nossa capital, São Luís, ganha o cenário nacional ao apresentar receita de R$ 3,9 bilhões, se posicionando acima de Belém(PA) e Osasco(SP), beneficiada pela instalação de indústrias diversificadas dos segmentos da construção civil, metalúrgica, cimenteira, energia, fertilizantes e um complexo portuário com maior movimentação de cargas do país.  

Vale destacar que a presença de corporações como Consórcio Alumar, Eneva, INPASA, Cimento Bravo, indústria aeroespacial, a ZPE–um novo formato para alavancar novas plantas industriais e a força da industrialização projetada com a exploração do petróleo da Margem Equatorial cria um momento especial para se comemorar a passagem dos 56 anos defundação da FIEMA, uma iniciativa de jovens industriais idealizadores preocupados com a retomada do processo industrial maranhense.

Um tempo especial em que o Sistema FIEMAestabelece por meio da união e parcerias estratégicas ao desenvolvimento industrial com o apoiamento do SESI, SENAI, IEL, CIEMA e FIEMA para melhor impulsionar a qualidade industrial, realizando programas, adotando tecnologias, práticas inovadoras e inteligência de mercado na busca da competitividade da indústria maranhense.

A história mostra que sempre tivermos uma indústria forte e de escala. Estamos agora preparados para melhorar as nossas fábricas com a força da Indústria 4.0, da produção de hidrogênio verde, da automação e da Inteligência Artificial, porque o futuro está bem à nossa frente.

*Edilson Baldez é presidente da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão(FIEMA) e Segundo Diretor Secretário da Confederação Nacional da Indústria(CNI)