O jornalista e escritor Ullisses Campbell, autor do livro “Maníaco do Parque”, concedeu uma entrevista à CNN Brasil para discutir o fascínio do público por histórias de crimes reais, conhecidas como true crime. Campbell explorou os motivos pelos quais as pessoas desenvolvem empatia por criminosos, mesmo diante de atos bárbaros e inaceitáveis.
Durante a entrevista, o jornalista destacou o caso de Elize Matsunaga como um exemplo de criminosa que desperta empatia no público. “Das criminosas que eu biografei, eu acho que a Elize Matsunaga é a que mais desperta esse tipo de sentimento”, afirmou Campbell. Ele relatou que, ao sair da prisão pela primeira vez, Elize foi recebida com aplausos, apesar de ter sido condenada por matar e esquartejar o marido.
A complexidade por trás dos crimes
Campbell explicou que a empatia do público muitas vezes surge da compreensão do contexto e das circunstâncias que levaram ao crime. No caso de Elize Matsunaga, por exemplo, muitas pessoas concluíram que seu marido, Marcos Matsunaga, era um homem extremamente violento, não apenas com ela, mas com outras mulheres.
“As pessoas acabam criando uma empatia. Então eu acho que são sentimentos diferentes, ao mesmo tempo em que o brasileiro tem uma admiração pela Suzane como celebridade, eles têm esse acolhimento com a Elize Matsunaga”, comentou o escritor, referindo-se também ao caso de Suzane von Richthofen.
Ressocialização e perspectivas futuras
O jornalista também abordou a questão da ressocialização de criminosos, usando como exemplo o caso do Maníaco do Parque. Campbell esclareceu que, diferentemente de outros presos que passam por uma progressão de regime, Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque, não passou por esse processo.
“O Maníaco do Parque, a previsão é que ele foi preso em 1998, ele recebeu uma condenação de 285 anos e, na época que ele foi sentenciado, o cumprimento máximo de pena no Brasil era de 30 anos, hoje é de 40”, explicou Campbell. Ele ressaltou que, antes de qualquer decisão sobre a liberação do Maníaco do Parque, prevista para 2028, novos exames criminológicos serão realizados.
Campbell concluiu destacando a importância das “saidinhas” e da progressão de regime para a ressocialização dos detentos, enfatizando que esses processos são essenciais para evitar que criminosos sejam simplesmente libertados após cumprir suas penas, sem qualquer preparação para o retorno à sociedade.
Confira a entrevista na íntegra
Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/a-cnn-ullisses-campbell-explica-fascinio-do-publico-com-historias-true-crime/