2 de agosto de 2025
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Anne Barros, segue em frente com sua voz e sonhos – Foto: Gazeta do Leste

 

Da redação

Em meio às prateleiras de snacks e o cheiro constante de gasolina, entre um atendimento e outro em uma conveniência de posto, vive uma mulher que carrega um dom discreto, mas potente: Anne Barros, mãe, atendente e… cantora de alma cheia.

Venho de uma família de músicos“, conta Anne com o olhar brilhando. O avô sanfoneiro deixava os encontros de família com gosto de forró, e a irmã, que já foi locutora e cantora, dava o tom da comunicação e da melodia. Mas Anne? Essa preferia se esconder. “Eu já era apaixonada, mas tinha vergonha”, confessa.

O que começou como brincadeira na academia, depois nas festas de aniversário, logo virou encantamento generalizado. “Todo mundo dizia que minha voz era muito bonita… aos poucos fui perdendo o medo. Mas até hoje dá aquele friozinho na barriga”, admite, rindo.

E não é só o palco que ela encara com coragem. Entre cuidar dos filhos, trabalhar em regime de 12 por 36 na conveniência e ainda cantar, Anne Barros faz caber o sonho no tempo. “Quando a gente faz o que gosta, dá um jeito de tudo se encaixar”, diz ela com uma sabedoria serena.

A primeira vez que recebeu cachê como cantora foi em um balneário em Timon, a convite de um amigo gerente. “Me deixaram super à vontade, todo mundo cantou junto. Mesmo com o frio na barriga, foi incrível!”, lembra. No mesmo dia, ainda viveu outro momento mágico: no Shopping Cocais, o músico Cleiton Souza a convidou para subir ao palco. “Todo mundo com as mãos para cima, cantando comigo… ali eu entendi: eu amo isso.”

Apesar de ainda não ser conhecida fora de Timon, ela já começa a fazer seu nome em bares e eventos locais, onde vai com os filhos e amigos a tiracolo. “Sempre dou um jeitinho de ir… é o que me faz feliz”, diz.

Sem aulas de canto, sem som profissional, mas com o coração cheio de verdade, Anne Barros canta com a alma. “Só eu e minha voz. E isso já é o bastante para me emocionar.” A emoção, aliás, é o que move essa mulher forte e sensível. “A música é minha terapia. É a forma que encontrei de viver, de sorrir, de fazer o outro sorrir.”

Na sua simplicidade, Anne carrega uma potência rara: a da arte que nasce do cotidiano, da coragem tímida que vira brilho no palco. A cada nota cantada, ela mostra que talento não precisa de palco iluminado para brilhar – só precisa de verdade.

E se depender da força com que vibra, com o apoio das amigas e da mãe que a apresenta com orgulho – “essa aqui é minha filha!” –, o Brasil logo vai ouvir a voz que ecoa dos corredores de uma conveniência até os palcos que o destino ainda vai revelar.