Enchentes deixam 47 milhões de toneladas de entulho no RS, aponta levantamento

As enchentes no Rio Grande do Sul deixaram rastros de destruição e sujeira em todo o estado. A projeção é que 47 milhões de toneladas de entulhos estejam espalhados pelas ruas das cidades afetadas pelas chuvas. Esse número é maior do que a quantidade de lixo na Faixa de Gaza durante a guerra, onde a projeção é de 37 milhões de toneladas de resíduos.

O dado é da empresa Mox Debris, em colaboração com pesquisadores do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e de voluntários. A análise mostra que cerca de 400 mil estruturas foram parcial ou totalmente inundadas no Rio Grande do Sul.

Em entrevista à CNN, Guilherme Iablonovski, cientista de dados na Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas, explica que esse levantamento ajuda a dimensionar o tamanho do problema.

“Entender a distribuição desses resíduos é muito importante para planejar para onde isso vai. Os aterros, como eles existem hoje no estado, não vão dar conta”, relata.

Segundo a pesquisa, a geração de resíduos se baseia em dois picos de tempo: o dano severo, ocorrido diretamente pela enchente, e o dano estrutural, que acontece ao longo do tempo de exposição.

Das 400 mil edificações inundadas, 44.600 foram gravemente danificadas ou destruídas e 170.200 enfrentarão sérios danos estruturais devido à imersão prolongada nas águas das cheias.

“Uma vez que a água começar a baixar, a tendência é que o solo comece a trabalhar e esse solo vai modificando e afeta as fundações mais rasas, o que gera danos estruturais. A nossa expectativa é que haja um segundo pico de geração de resíduos daqui a uns meses”, explica Guilherme.