A Justiça do Rio de Janeiro adiou para o próximo dia 25 o júri do bicheiro José Caruzzo Escafura, o Piruinha, de 94 anos. Ele é acusado de matar o comerciante de carros Natalino José do Nascimento Espínola, o Neto, em julho de 2021 na Vila Valqueire, zona oeste da capital fluminense.
A sessão estava programada para esta terça-feira (9). Porém, o Ministério Público argumentou que foram juntados mais dois processos ao júri, o de Monalliza Neves Escafura, filha de Piruinha, que está foragida, e o do segurança dela, o PM Jeckson Lima Pereira, que está preso há dois anos.
Na decisão, o Ministério Público revogou a prisão preventiva do PM, que terá de cumprir medidas cautelares.
A defesa de Piruinha pediu a revogação de sua prisão preventiva, porém o pedido foi negado. Ele está preso há dois anos.
No fim do ano passado, o contraventor sofreu uma queda no banheiro do presídio e, desde então, está em prisão domiciliar devido a problemas de saúde.
Quem é Piruinha
O quase centenário José Caruzzo Escafura, ou Piruinha, ingressou na contravenção na década de 1950, quando começou a gerenciar bancas na região da Abolição, Piedade e Inhaúma, área que exerceu bastante influência no auge do bicho – e onde mora até hoje.
A partir da década de 1970, já era considerado um dos principais bicheiros da cidade, tendo sob seu domínio também os bairros de Madureira, Cascadura e Maria da Graça, todos na Zona Norte carioca.
Em 1993, com outros 14 indivíduos, foi preso e condenado a 6 anos por formação de quadrilha. Os contraventores também eram acusados de tráfico de drogas e tortura, mas não havia provas suficientes sobre estes crimes.
Diferentemente de seus contemporâneos, Piruinha nunca foi líder de uma escola de samba e ganhou menos fama que seus colegas.
Em junho de 2017, seu filho Haylton Carlos Gomes Escafura, de 37 anos, foi assassinado com a soldado da PM Franciene de Souza em um hotel na Barra da Tijuca. O motivo, conforme as investigações, seria uma disputa por pontos de máquinas caça-níqueis na cidade.
Haylton vinha de idas e vindas da prisão. À época do crime, ele estava nas ruas havia apenas 5 meses, após ser posto em liberdade em janeiro. Em 2012, ele havia sido preso por fraude nas mesmas máquinas que motivaram sua execução.
Na execução, os dois algozes do filho de Piruinha e da mulher arrombaram a porta do quarto do casal e mataram os dois a tiros de pistola e fuzil no banheiro da suíte.
A mulher morta, a PM Franciene, estava lotada na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da favela da Rocinha e estava na corporação desde 2014.
Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/justica-do-rj-adia-julgamento-de-bicheiro-piruinha-acusado-de-matar-comerciante/