Em oito meses, Milton Alves da Silva perdeu a casa três vezes devido às fortes chuvas que atingiram o estado do Rio Grande do Sul, nos meses de setembro e novembro de 2023, e agora, em maio de 2024.
As perdas materiais parecem um mero detalhe quando Milton, motorista de caminhão e morador de Lajeado, cidade do Vale do Taquari, relembra que perdeu a esposa em uma das cheias.
“Dia 5 de setembro de 2023, eu fui salvo pelo telhado da minha casa, por uma lancha. Minha esposa foi resgatada por helicóptero, mas acabou caindo e morreu afogada. Depois resgataram o corpo”, relata.
Maria da Conceição Alves da Silva, mais conhecida como Conci, tinha 50 anos e deixou quatro filhos e oito netos. Natural de Bragança, no Pará, Conci cresceu nas águas e sabia nadar, mas acabou não resistindo. Sem colete, morreu afogada.
“Ela caiu na água, ficou nadando na minha frente, mas ficou submersa e, no segundo resgate dela, ela já saiu em óbito da água. Foi tudo assistido por mim, eu estava a dez metros”, relembra.
O resgate frustrado e a perda da casa nas três enchentes não tiraram as esperanças de Milton. “Se ela (esposa) foi e Ele (Deus) me deixou aqui, é para eu reconstruir a vida”.
“Eu reconstruí a casa em setembro. Perdi tudo de novo em novembro. Reconstruí. Agora perdi tudo de novo, mas tenho fé que ainda vou reconstruir minha casa”, disse.
Com as recentes chuvas que atingem o estado neste mês de maio, a casa de Milton ficou novamente alagada. Ele teve que ir para o abrigo da cidade, mas, devido a problemas de saúde, o morador de Lajeado conseguiu um teto na casa da namorada. “A filha e o genro dela estão no abrigo para eu conseguir ficar aqui”.
Relato nas redes sociais
Milton decidiu contar sobre as tragédias nas redes sociais, onde tem quase 30 mil seguidores. A resiliência e a força de Milton chamam a atenção. “Lute, reconstrói, sorria e não brigue. A alegria tem que permanecer com a gente”, disse ele em um dos vídeos.
Depois que a água abaixou, o morador de Lajeado voltou para ver o que sobrou do imóvel nessa terceira enchente. “Vou ter que abandonar a casa onde eu casei, criei três filhos meus, quatro filhos da minha esposa, perdi ela aqui. Em novembro peguei mais um evento climático, peguei dois temporais, com dois destelhamentos da casa. E agora veio a ruína total”.
Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/morador-do-rs-que-perdeu-a-esposa-em-enchente-de-2023-tem-casa-alagada-pela-3a-vez/