Em entrevista à CNN, o biólogo e pesquisador Lucas Ferrante, da USP e da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), alertou sobre a crítica situação das queimadas na Amazônia.
Segundo ele, o Ministério Público precisa “intervir imediatamente” para conter o avanço dos incêndios criminosos na região.
De acordo com dados do Copernicus, programa de observação da Terra da União Europeia, uma área específica da Amazônia se tornou a maior emissora de gases causadores do efeito estufa nos últimos cinco dias.
Ferrante explica que essa concentração de queimadas está ocorrendo principalmente no eixo das rodovias 163, 364, 230 (Transamazônica) e BR-319, que liga Porto Velho a Manaus.
Impactos das queimadas
O pesquisador ressalta que esses incêndios estão gerando uma quantidade alarmante de emissões, afetando não apenas a região amazônica, mas também países vizinhos e outras regiões do Brasil.
“Essa fumaça já se espalha para Peru e Bolívia”, alerta Ferrante.
Além disso, o biólogo enfatizou o papel fundamental da Amazônia na regulação do clima global.
Ele critica a recente ordem de serviço do presidente Lula (PT) para avançar as obras no lote C da rodovia BR-319, um trecho que, segundo Ferrante, não possui consulta dos povos indígenas nem licenciamento ambiental adequado.
Preocupação com a BR-319
Ferrante apresenta dados de um estudo conjunto realizado com o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), que envolve membros da Polícia Federal (PF) e do Exército Brasileiro.
A pesquisa indica que, caso a rodovia BR-319 seja pavimentada, não haverá contingente suficiente no Brasil para fiscalizar as queimadas e o desmatamento na região.
O pesquisador também menciona um aumento de 400% nos casos de malária no trecho médio da rodovia, além do agravamento das queimadas.
Ele conclui alertando que a construção da rodovia tem gerado diversos problemas para a Amazônia, indo além da questão ambiental e afetando diretamente a saúde pública.
Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/mp-precisa-intervir-em-queimadas-na-amazonia-afirma-pesquisador-a-cnn/