A Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu temporariamente cinco homens, suspeitos de integrar uma das maiores facções do estado, na manhã de terça-feira (23). A operação foi deflagrada na cidade de Canoas, região metropolitana de Porto Alegre, e de acordo com a investigação, os suspeitos são responsáveis por extorquir comerciantes da região.
Policiais da 3ª Delegacia de Polícia de Canoas – 2 DPRM cumpriram 44 cautelares entre mandados de prisão, busca e apreensão, sequestro de bens e bloqueios de contas bancárias. Os alvos eram acusados de tráfico de drogas, associação criminosa e prática de extorsão na região metropolitana da capital.
A investigação teve início em novembro de 2023, quando o dono de um motel denunciou estar sendo ameaçado a deixar seu estabelecimento para que a organização criminosa pudesse explorar. O comércio fica em uma região de prostituição na cidade de Canoas, e pertencia a vítima há mais de 30 anos.
O dono do estabelecimento contou à polícia que dois meses antes de ser expulso do local, a facção criminosa já havia proibido garotas de programas de utilizarem o motel, o que causou a diminuição de clientes. No dia em que foi expulso, o comerciante contou que três homens chegaram no local, tomaram o controle e o obrigaram a abandonar o estabelecimento, causando um prejuízo de R$ 500 mil a ele.
Com o controle do ponto comercial, de acordo com a investigação, o grupo criminoso passou a extorquir garotas de programa e clientes que frequentavam o local. Segundo os policiais, a facção cobrava das garotas de programa um valor diário de R$ 50 para trabalhar na região. No final do ano passado, uma travesti teria sido baleada por ter se recusado a pagar a quantia.
Durante o avanço das investigações, a Polícia descobriu, também, que garotas de programa estariam extorquindo seus clientes, gravando a entrada ou saída do local, e ameaçando divulgar os vídeos para a família. A delegada Luciane Bertoletti afirmou que uma das chantagens pedia o valor de R$ 20 mil para que as imagens não fossem compartilhadas.
Além do motel, os criminosos também assumiram o controle de um drive-in na mesma região. A Polícia Civil estima que, mensalmente, o lucro da facção era de pelo menos R$ 200 mil, sendo R$ 150 mil com o motel e R$ 50 mil com o drive-in. Nesta conta não estão inseridos os valores extorquidos das garotas de programa.
O grupo também mantinha a prática de extorsão de outros comerciantes da região, ameaçando de morte aos que não pagassem. Em um vídeo obtido pelos policiais, um criminoso ameaça um comerciante e a família mostrando um fuzil.
A investigação aponta que a facção criminosa tinha como finalidade a hegemonia territorial para exploração sexual e tráfico de drogas. A polícia afirma que um criminoso que estava preso até o dia 2 de abril, comandava as ações do grupo dentro de um presídio estadual. O homem já esteve em um presídio federal e foi transferido em 2020, no âmbito da operação Império da Lei. No início de abril, ele saiu da prisão para realizar uma cirurgia e hoje se encontra em local desconhecido.
No total, os policiais civis cumpriram cinco mandados de prisão temporária e 15 mandados de busca e apreensão. Com os suspeitos foi encontrada documentação, dinheiro em espécie, telefones celulares, uma arma de fogo, um automóvel e uma motocicleta.
Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/policia-do-rs-prende-integrantes-de-faccao-criminosa-que-extorquiam-dono-de-motel/