
A nova rodada de sobretaxas anunciadas por Donald Trump sobre produtos brasileiros causa forte preocupação entre os brasileiros. Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (31) mostra que 89% da população acredita que o tarifaço imposto pelos EUA vai prejudicar a economia do país — sendo que 66% avaliam que os danos serão significativos e 23% consideram que haverá algum prejuízo.
O levantamento foi feito nos dias 29 e 30 de julho, antes da formalização do decreto presidencial americano que elevou a tarifa adicional sobre produtos brasileiros de 10% para 50%. A sondagem ouviu 2.004 pessoas em 130 municípios, com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
A percepção negativa atravessa o espectro político. Entre os eleitores de Jair Bolsonaro em 2022, 92% enxergam impacto prejudicial na economia brasileira. Já entre os que votaram em Luiz Inácio Lula da Silva, o índice é de 87%.
Além do temor com a economia nacional, 77% dos entrevistados afirmam que o tarifaço também vai afetar negativamente sua situação financeira pessoal. Para 43%, os efeitos serão graves; 34% esperam impactos menores. Apenas 19% não veem risco pessoal com a medida.
Reação esperada do governo
Questionados sobre o que o governo brasileiro deveria fazer diante da medida, a maioria (72%) defende que Lula negocie com os EUA para tentar reverter a decisão. Outros 15% sugerem retaliação comercial, com a adoção de tarifas equivalentes sobre produtos americanos. Apenas 6% acreditam que o Brasil deveria aceitar as condições impostas por Washington — esse número sobe para 13% entre eleitores de Bolsonaro e cai para 1% entre petistas.
Conhecimento sobre o tarifaço varia por renda
A pesquisa também revelou que o grau de informação da população sobre o tarifaço é desigual. Cerca de 32% dizem estar bem informados sobre o tema, enquanto 39% afirmam saber “mais ou menos”. Outros 9% se consideram mal informados e 18% sequer tinham conhecimento da medida.
O desconhecimento é maior entre os mais pobres: 40% dos entrevistados com renda de até dois salários mínimos demonstram pouco ou nenhum conhecimento sobre o tarifaço. Entre os que ganham mais de dez salários mínimos, esse índice cai para 9%.
Sobretaxa atinge alimentos e beneficia petróleo
O decreto de Trump, assinado no dia 30 de julho, determina que a nova tarifa de 40% se somará aos 10% já vigentes desde abril, totalizando 50% de sobretaxa sobre produtos brasileiros importados pelos EUA. A medida entrará em vigor sete dias após a publicação.
Apesar do aumento generalizado, cerca de 700 produtos foram isentados, segundo levantamento da Folha. Entre os itens excluídos estão derivados de petróleo, ferro-gusa, suco de laranja e produtos de aviação civil. Por outro lado, carnes, café, pescado e frutas — setores importantes da pauta de exportação brasileira — não escaparam.
A justificativa oficial da Casa Branca é política. Trump alega que “políticas, práticas e ações recentes do governo brasileiro” representam “ameaça incomum e extraordinária” à segurança nacional e aos interesses econômicos dos EUA.
Brasil revê alianças comerciais
A pesquisa Datafolha também avaliou a percepção dos brasileiros quanto à confiabilidade de seus principais parceiros comerciais. O resultado mostra desgaste na imagem dos Estados Unidos.
A União Europeia aparece como o parceiro mais confiável: 74% dos brasileiros dizem confiar em países como Alemanha, França, Itália e Espanha. O Mercosul (72%) e a China (66%) vêm na sequência.
Já os EUA são vistos como parceiros confiáveis por apenas 51% da população — enquanto 46% afirmam não confiar na nação norte-americana.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/89-dos-brasileiros-temem-impacto-negativo-do-tarifaco-de-trump-na-economia-mostra-datafolha/