A indústria automotiva do Brasil está em alerta diante de uma possível nova crise global de chips. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e diversas montadoras reforçam que a escassez de semicondutores pode paralisar linhas de produção já nas próximas semanas.
O temor surge após um conflito internacional envolvendo a Holanda e a China. O governo holandês assumiu o controle da Nexperia, empresa chinesa de chips, citando questões de propriedade intelectual. Em retaliação, a China restringiu a exportação de semicondutores essenciais para a indústria automotiva mundial.
Reunião de emergência no Ministério do Desenvolvimento
Em resposta à crise, o vice-presidente Geraldo Alckmin convocou, para a próxima terça-feira, uma reunião no Ministério do Desenvolvimento. O encontro contará com representantes do setor automotivo e de outras associações que podem ser afetadas pela escassez.
A reunião foi solicitada pelo presidente da Anfavea, Igor Calvet, que alertou sobre os riscos de falta de peças. “Arrisca parar montadoras no Brasil. Um veículo moderno usa, em média, de 1 mil a 3 mil chips. Sem esses componentes, as fabricantes não conseguem manter a linha de produção em andamento”, disse a entidade.
Montadoras brasileiras em alerta
Montadoras como Hyundai, GM, Volkswagen, Toyota, Renault e Volvo afirmam acompanhar atentamente a situação.
- A Renault, com fábricas em São José dos Pinhais (PR), estabeleceu monitoramento diário com fornecedores e afirma que, por enquanto, lançamentos e produção seguem sem impacto, mas mantém estado de alerta.
- A Hyundai, com fábrica em Piracicaba (SP), disse que ainda não há risco de interrupção da produção local.
- A Toyota e a Volkswagen monitoram a situação global e analisam alternativas para evitar desabastecimento.
- A Volvo iniciou o mapeamento de sua cadeia de fornecedores para avaliar possíveis impactos.
- A BYD, com fábrica na Bahia, garante que a produção não será afetada devido à integração vertical da empresa.
Outras empresas, como Nissan e Caoa, não se manifestaram até o momento.
Impactos econômicos e necessidade de produção nacional
Segundo o economista Luiz Carlos Laureano da Rosa, especialista em indústria automotiva, a crise pode gerar demissões e afetar toda a cadeia industrial ligada às montadoras. “Sem os chips, a produção para, e empresas satélites também sofrem. Isso representa grande prejuízo para o PIB e para o desenvolvimento do país”, afirmou.
Ele destaca que a crise evidencia a necessidade de o Brasil investir na produção nacional de semicondutores ou diversificar fornecedores, reduzindo a dependência do mercado externo.
Governo acompanha situação
O Ministério do Desenvolvimento afirmou que acompanha os efeitos da escassez global e mantém diálogo constante com a indústria brasileira para mitigar impactos em empresas e empregos.
A Anfavea reforça que o setor automotivo emprega mais de 1,3 milhão de pessoas no Brasil e que medidas rápidas do governo são essenciais para evitar desabastecimento e paralisação da produção.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/alckmin-convoca-reuniao-de-emergencia-crise-global-de-chips-ameaca-paralisar-montadoras-brasileiras/
