9 de agosto de 2025
Conselho da Câmara de Comércio Exterior autoriza Brasil abrir disputa
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O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou neste sábado (9) que o governo brasileiro não pretende retaliar os Estados Unidos elevando tarifas sobre produtos estadunidenses, mesmo após a imposição de alíquota de 50% a diversos itens brasileiros. Segundo ele, a prioridade é ampliar o número de setores que fiquem isentos do aumento.

“A prioridade não é retaliar. A prioridade é resolver, procurar ampliar o número de setores que sejam excluídos [do tarifaço], que fiquem fora dessa questão da tarifa que entendemos extremamente injusta. Aliás, com base jurídica totalmente fraca”, disse Alckmin, durante visita a uma concessionária da Volkswagen em Guaratinguetá, no Vale do Paraíba (SP).

O vice-presidente destacou que, após negociações com o governo dos EUA, 45% dos setores inicialmente afetados já ficaram de fora das novas tarifas. “De cada dez produtos que os Estados Unidos vendem para o Brasil, oito não pagam imposto. E a tarifa média que o Brasil cobra dos estadunidenses é 2,7%. Você tem uma tarifa para entrar no Brasil de 2,7% e 50% nos Estados Unidos. E eles têm déficit com muitos países do mundo, mas têm superávit com três países grandes: Reino Unido, Austrália e Brasil. Então nós estamos empenhados em mudar isso.”

Para Alckmin, o aumento de tarifas prejudica consumidores e empresas dos dois lados. “Quando se aumentam tarifas, é o consumidor quem paga. Portanto, trata-se de um jogo de perde-perde”, afirmou.

Pacote de apoio a exportadores

Alckmin confirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciará no início desta semana um pacote de medidas de apoio às empresas brasileiras mais impactadas pelo tarifaço, especialmente as que exportam para os Estados Unidos.

“O presidente Lula deve anunciar no início da semana um pacote, um conjunto de medidas mitigatórias, ou seja, para apoiar as empresas. Quais empresas? Aquelas que exportam mais e que exportam mais para os Estados Unidos e que foram afetadas”, explicou.

Sem detalhar as ações, o vice-presidente disse que a prioridade será atender companhias cuja dependência do mercado externo seja maior. Exportadores esperam que o pacote inclua linhas de crédito com juros subsidiados, adiamento no pagamento de tributos federais e compras públicas de produtos perecíveis.

“Você tem setor da indústria ou do agro que mais de 90% é mercado interno. Exportação afeta menos. Agora, você tem empresas que exportam muito. E que além de exportar muito, ainda exporta para os Estados Unidos. Elas precisam ser mais socorridas”, completou.

Carros sustentáveis em alta

Durante a agenda em Guaratinguetá, Alckmin comentou os primeiros resultados do programa federal que zerou o IPI para veículos sustentáveis. Segundo ele, a medida já beneficia toda a cadeia produtiva, da indústria às concessionárias.

“O programa já conta com cinco montadoras e está impulsionando toda a cadeia, do aumento da produção à alta nas vendas em concessionárias, como a que estamos hoje”, afirmou, ao lado do ex-prefeito Marcus Soliva, proprietário do estabelecimento visitado.

Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) indicam que, em julho — mês em que a isenção começou, no dia 11 — as vendas de carros sustentáveis cresceram 16,7%, acima da média de 14,2% do mercado geral.

Alckmin ressaltou que o chamado “IPI Verde” busca reduzir o preço de automóveis populares e ampliar o acesso da população. O benefício contempla veículos flex-fuel, que emitem menos dióxido de carbono e possuem alta reciclabilidade.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/alckmin-descarta-retaliacao-aos-eua-e-prioriza-ampliar-isencoes-no-tarifaco/