 
                O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (30) a redução das tarifas de importação sobre produtos chineses de 57% para 47%, em uma tentativa de amenizar as tensões na guerra comercial entre Washington e Pequim. A decisão foi tomada após um encontro com o líder chinês Xi Jinping, realizado na Coreia do Sul, e marca o primeiro gesto concreto de reaproximação entre as duas maiores economias do planeta desde o retorno de Trump à Casa Branca, em janeiro.
Com a medida, a China passa a pagar taxas menores do que o Brasil, cujos produtos enfrentam alíquotas de até 50% para entrar no mercado estadunidense. A decisão também colocou a Índia na mesma condição, já que o país continua sendo alvo de tarifas elevadas em razão da manutenção das importações de petróleo russo, contrariando sanções impostas por Washington.
Brasil e Índia continuam na mira
No caso brasileiro, as tarifas foram mantidas como retaliação política. Trump acusa o país de promover uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.
O gesto dos Estados Unidos gerou desconforto diplomático, especialmente porque, dias antes, Trump havia se reunido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na Malásia, para discutir o futuro das relações comerciais entre os dois países. O encontro, que durou cerca de 45 minutos, criou expectativa de uma possível flexibilização das barreiras tarifárias.
“O que importa em uma negociação é olhar para o futuro. A gente não quer confusão, quer resultado”, afirmou Lula após a reunião.
Trump, no entanto, foi cauteloso ao comentar a conversa. “Eles gostariam de fazer um acordo. Vamos ver, agora mesmo estão pagando cerca de 50% de tarifa”, declarou o presidente dos EUA, sinalizando que um entendimento pode demorar.
Primeira rodada de negociações
No início da semana, representantes do Brasil e dos Estados Unidos já realizaram uma primeira rodada técnica de negociações para discutir as tarifas. Participaram o chanceler Mauro Vieira, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Rosa, e o embaixador Audo Faleiro.
Segundo o ministro do Desenvolvimento e vice-presidente Geraldo Alckmin, ainda não há data marcada para uma nova reunião. O grupo deve concentrar esforços em setores como o agronegócio e a indústria de transformação, os mais atingidos pelas taxas estadunidenses.
O acordo com a China
A reunião entre Trump e Xi Jinping durou quase duas horas e resultou em um pacote de compromissos bilaterais. Em troca da redução das tarifas sobre produtos chineses, Pequim se comprometeu a retomar as compras de soja dos EUA, manter o fluxo de exportação de terras raras e cooperar no combate ao tráfico de fentanil — substância responsável por uma crise de saúde pública nos Estados Unidos.
“Eles vão comprar quantidades enormes de soja e outros produtos agrícolas”, afirmou Trump. O acordo também evitou a imposição de uma tarifa de 100% que havia sido cogitada pela Casa Branca e estendeu por um ano a trégua comercial entre os dois países.
Outra medida anunciada foi a redução das tarifas sobre produtos relacionados ao fentanil, que caíram de 20% para 10%. O opioide sintético, 50 vezes mais potente que a heroína, tem sido o principal causador de mortes por overdose no país.
Terras raras e tecnologia
O acordo ainda incluiu um ponto estratégico: a suspensão, por um ano, dos novos controles chineses sobre exportações de terras raras — um grupo de 17 elementos químicos essenciais para a fabricação de smartphones, carros elétricos e equipamentos militares. A China é responsável por mais de 60% da produção global desses materiais, enquanto o Brasil aparece entre os principais detentores de reservas.
Washington também suspendeu restrições que impediam empresas chinesas de adquirir tecnologia estadunidense usada na produção de semicondutores, um dos setores mais afetados pela guerra comercial. Em contrapartida, os Estados Unidos concordaram em adiar por um ano a aplicação de novas tarifas portuárias sobre embarcações ligadas à China.
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, detalhou um dos compromissos mais significativos do acordo: “A China se comprometeu a comprar 25 milhões de toneladas de soja americana por ano durante os próximos três anos”, afirmou.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/apos-acordo-entre-trump-e-xi-brasil-enfrenta-tarifa-mais-alta-do-que-a-china/

 
                             
                             
                             
                             
                            