17 de abril de 2025
Arrependidos? Bilionários que apoiaram Trump na eleição se voltam contra
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Líderes empresariais bilionários estão se voltando contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, devido ao seu plano de impor um conjunto massivo de tarifas aos parceiros comerciais do país, enquanto as perdas nas bolsas de valores ao redor do mundo continuam a se acumular.

O investidor bilionário Bill Ackman (foto), que apoiou a candidatura de Trump à presidência em 2024, alertou no último domingo (6) que levar adiante as novas tarifas seria equivalente a lançar uma “guerra nuclear econômica”.

Na quarta-feira (2), Trump anunciou que imporia tarifas “recíprocas” significativamente mais altas a dezenas de países com os maiores déficits comerciais com os EUA.

Em uma publicação na rede X, Ackman afirmou que “os investimentos empresariais vão parar, e os consumidores vão fechar as carteiras” caso as novas tarifas sejam realmente implementadas.

“Vamos prejudicar seriamente nossa reputação com o resto do mundo, e levará anos ou até décadas para recuperá-la”, acrescentou. Sua publicação já havia sido visualizada 10,6 milhões de vezes.

A menos que Trump altere sua postura, Ackman alertou que “estamos caminhando para um inverno nuclear econômico autoinfligido, e devemos começar a nos preparar”. Ele também questionou: “Qual CEO e qual conselho de administração se sentiriam confortáveis em fazer compromissos econômicos grandes e de longo prazo nos EUA em meio a uma guerra econômica nuclear?”. Ackman ainda afirmou que “o presidente está perdendo a confiança dos líderes empresariais ao redor do mundo”.

A tarifa básica de 10% sobre todas as importações de bens para os EUA entrou em vigor no sábado (5), e dezenas de economias se preparam para tarifas ainda mais altas a partir de quarta-feira.

A China e a União Europeia são algumas das economias mais afetadas, com novas tarifas de, respectivamente, 34% e 20%.

Outros bilionários e empresários de destaque também criticaram abertamente a agenda tarifária de Trump nos últimos dias, à medida que o receio de seus impactos econômicos toma conta dos mercados.

Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase, alertou na segunda-feira que as tarifas podem elevar os preços, provocar uma recessão global e enfraquecer a posição dos EUA no cenário mundial. Ele escreveu em sua carta anual aos acionistas que “as tarifas recentes provavelmente aumentarão a inflação e estão fazendo muitos considerarem uma maior probabilidade de recessão”. Dimon acrescentou: “Ainda é uma dúvida se o pacote de tarifas causará uma recessão, mas ele certamente desacelerará o crescimento”.

O bilionário Stanley Druckenmiller, fundador da Duquesne Family Office, publicou na rede X, na segunda-feira, que “não apoia tarifas acima de 10%”. De acordo com o Bloomberg Billionaires Index, Druckenmiller tem uma fortuna estimada em US$ 11 bilhões.

No mesmo dia, Ken Fisher, fundador e presidente executivo da Fisher Investments, também criticou as tarifas: “O que Trump anunciou na última quarta-feira é estúpido, errado, arrogantemente extremo, ignorante em termos comerciais e direcionado a um problema inexistente com ferramentas equivocadas. Mas, pelo que posso perceber, isso vai desaparecer e fracassar, e o medo é maior do que o problema — o que, daqui, é um sinal de alta”.

Fisher ressaltou que não costuma comentar ações presidenciais publicamente, mas afirmou que, no caso das tarifas, “Trump passou muito dos limites”.

Até Elon Musk — o homem mais rico do mundo e um dos maiores aliados de Trump — disse no domingo que espera uma “situação de tarifa zero” entre Europa e EUA. Em entrevista por videoconferência com o vice-primeiro-ministro da Itália, Matteo Salvini, Musk expressou o desejo de ver a criação de uma zona de livre comércio entre a Europa e a América do Norte.

Simultaneamente, Simon MacAdam, economista-chefe adjunto da consultoria Capital Economics, comentou que as empresas provavelmente adiarão investimentos devido à “pura incerteza” criada pela política tarifária de Trump. Ele explicou: “Se você é uma empresa de médio ou grande porte, vai hesitar bastante sobre o que fazer”.

MacAdam também afirmou que, se as tarifas forem renegociadas e reduzidas em alguns meses, seria perda de tempo investir grandes quantias em novas fábricas nos EUA.

Ackman, em sua publicação, chamou as novas tarifas de “massivas” e “desproporcionais”, acrescentando: “Não foi por isso que votamos”. Ele pediu uma “trégua” de 90 dias para que Trump negocie com os parceiros comerciais e “resolva acordos tarifários assimétricos e injustos”.

Trump justificou sua agenda tarifária como uma tentativa de corrigir anos de comércio desequilibrado entre os EUA e seus parceiros, que, segundo ele, impuseram tarifas mais altas sobre produtos americanos do que os EUA aplicam aos seus.

Contudo, os investidores parecem duvidar da lógica do plano de Trump. As bolsas da Ásia e da Europa caíram consideravelmente nesta segunda-feira, e os futuros indicam que as ações nos EUA terão mais um dia negativo, após o anúncio das tarifas na última quarta-feira.

Com informações da CNN Brasil.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/arrependidos-bilionarios-se-colocam-contra-trump-em-meio-a-escalada-de-guerra-comercial/