20 de agosto de 2025
78% veem Congresso atuando em causa própria e reprovação cresce
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As ações dos principais bancos brasileiros registraram forte queda nesta terça-feira (19) após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, indicar a possibilidade de punir instituições que aplicarem sanções financeiras contra Alexandre de Moraes, também ministro da Corte. A declaração aumentou a percepção de risco e gerou turbulência no mercado.

O impacto foi imediato: a Bolsa de Valores fechou em queda de 2,10%, aos 134.432 pontos, enquanto os cinco maiores bancos do país perderam juntos R$ 41,3 bilhões em valor de mercado. Entre as instituições mais afetadas, o Banco do Brasil registrou a maior desvalorização, caindo 6,02%, seguido por Santander (-4,87%), BTG (-3,48%), Bradesco (-3,42%) e Itaú (-3,04%).

A tensão também atingiu o câmbio: o dólar encerrou o pregão em alta de 1,23%, cotado a R$ 5,50.

O que motivou a queda

Na segunda-feira (18), Dino afirmou que ordens judiciais e executivas de governos estrangeiros só têm validade no Brasil se confirmadas pelo STF. A fala foi interpretada como um alerta às instituições financeiras que poderiam seguir as sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos contra Moraes, com base na Lei Magnitsky.

A lei americana permite congelar bens e proibir transações financeiras de indivíduos acusados de corrupção ou violações de direitos humanos. Em julho, Moraes foi incluído na lista de sancionados pelo governo Donald Trump, medida que pode afetar operações internacionais e uso de bandeiras de cartão de crédito, como Mastercard e Visa.

Após a inclusão de Moraes na lei, ministros do STF se reuniram com banqueiros para entender os possíveis impactos no Brasil, mas consideraram as respostas insatisfatórias. Sem garantias de que as sanções não seriam aplicadas, o Supremo passou a avaliar medidas mais duras.

Especialistas alertam para riscos

Para Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos, o setor bancário enfrenta um cenário delicado:

“Os bancos, por terem operações no exterior, podem enfrentar diferentes riscos, como o de atender a uma ordem do Supremo e, ao mesmo tempo, lidar com multas que comprometam seus negócios no mercado internacional.”

Hulisses Dias, sócio da Beginity Capital, aponta que a insegurança sobre o cumprimento das normas aumenta a cautela dos investidores:

“O cenário ainda é incipiente, mas já levanta questionamentos sobre a integração das instituições brasileiras ao sistema financeiro global.”

Segundo o advogado Donato Souza, especialista em direito bancário, a reação negativa do mercado era esperada:

“Essa incerteza afeta contratos, governança e eleva o custo do capital. É natural que as ações sejam impactadas.”

Bancos sob pressão e busca por proteção

Com o impasse, os investidores intensificaram a migração para ativos considerados mais seguros, como dólar e ouro. Para Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, o mercado começa a projetar cenários de maior tensão:

“Uma escalada no conflito pode reduzir a participação dos bancos brasileiros no mercado internacional. A alta do dólar reflete essa busca por proteção.”

Em nota, o Banco do Brasil declarou que atua em conformidade com a legislação brasileira, com normas internacionais e com as regras dos mais de 20 países onde mantém operações. Bradesco, BTG e Caixa Econômica Federal preferiram não comentar o assunto.

Expectativa com o Federal Reserve

Enquanto isso, investidores também acompanham os movimentos do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos. A partir desta quinta-feira (21), o simpósio de Jackson Hole deve trazer sinais sobre o futuro da política monetária americana.

Há expectativa de um corte de 0,25 ponto percentual nos juros na próxima reunião do Fed, em setembro, o que pode favorecer o real devido ao diferencial de taxas entre Brasil e EUA.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/bancos-perdem-r-41-bilhoes-na-bolsa-apos-decisao-de-dino-e-tensao-sobre-lei-magnitsky/