
O Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (19) pelo Banco Central, apontou novas alterações nas projeções para os principais indicadores da economia brasileira. De acordo com o levantamento, houve queda nas expectativas para a inflação e o dólar, enquanto as previsões para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2025 foram ligeiramente elevadas. A taxa básica de juros (Selic), no entanto, foi mantida.
O índice oficial de inflação, medido pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), teve a quinta revisão consecutiva para baixo. A nova estimativa para o fim de 2025 é de 5,5%, enquanto a projeção para 2026 segue em 4,5% — exatamente o teto da meta perseguida pelo Banco Central. A meta central para a inflação é de 3%, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
A trajetória recente da inflação reforça esse movimento. Segundo o IBGE, o IPCA de abril foi de 0,43%, abaixo dos 0,56% registrados em março. Com isso, a inflação acumulada em 12 meses até abril ficou em 5,53%, ainda acima do teto da meta.
O Comitê de Política Monetária (Copom), em ata divulgada na última terça-feira (13), avaliou que a política fiscal tem gerado estímulos significativos nos últimos anos, o que requer atenção no cenário atual de expansão econômica. No texto, o comitê reforça a importância de uma política fiscal contracíclica, que contribua para a redução do prêmio de risco e complemente a política monetária na busca pelo controle da inflação.
“O comitê entende que uma política fiscal que contribua para a redução do prêmio de risco e atue de forma contracíclica colabora para o trabalho do Banco Central de levar a inflação à meta”, destacou o documento.
A Selic permanece em 14,75%, o maior nível em quase duas décadas. O ciclo de aperto monetário iniciado em setembro de 2024 já acumula alta de 4,25 pontos percentuais. A projeção mediana para 2025 continua em 14,75%, enquanto para 2026 segue em 12,5%, mantendo-se há 16 semanas nesse patamar.
As expectativas para o câmbio também foram revisadas para baixo. A previsão para o dólar em 2025 é de R$ 5,82, e para 2026, R$ 5,90. O recuo reflete, entre outros fatores, o alívio nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China, após o anúncio de uma trégua de 90 dias entre os países. A medida ocorre em meio a uma série de anúncios do presidente Donald Trump sobre novas políticas tarifárias que devem ser detalhadas nas próximas semanas.
Durante a trégua, os EUA reduzirão tarifas adicionais sobre produtos chineses de 145% para 30%, enquanto a China deve cortar as taxas sobre produtos estadunidenses de 125% para 10%, além de suspender barreiras não tarifárias.
No campo do crescimento, as projeções para o PIB em 2025 foram levemente revistas para cima. Após três semanas estáveis, a estimativa foi elevada de 2% para 2,02%. Para 2026, a previsão permanece em 1,7%.
O Boletim Focus é divulgado semanalmente pelo Banco Central e reúne projeções de cerca de uma centena de instituições financeiras, consultorias e especialistas do mercado. Ele é uma das principais ferramentas de sinalização das expectativas do setor privado para os rumos da economia brasileira.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/boletim-focus-aponta-queda-na-inflacao-pela-5a-semana-consecutiva-e-alta-no-pib/