
A inflação esperada para 2025 caiu pela décima semana consecutiva, segundo o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (4) pelo Banco Central. A nova estimativa do IPCA passou de 5,09% para 5,07%. Apesar da leve variação, o dado reforça a tendência de desaceleração dos preços, agora em meio a um novo cenário comercial: entra em vigor nesta semana uma sobretaxa que eleva para 50% o imposto de importação dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
Especialistas apontam que, ao impedir que parte da produção nacional seja exportada — especialmente alimentos — o tarifaço pode aumentar a oferta desses bens no mercado interno, colaborando para conter a inflação. Como o governo brasileiro ainda não sinalizou com medidas recíprocas sobre produtos estadunidenses, o impacto inicial deve ser limitado à balança comercial e à dinâmica de preços locais.
Exportações em xeque
A política tarifária protecionista imposta pelo presidente Donald Trump já provoca reações nos indicadores macroeconômicos. A projeção para o superávit da balança comercial brasileira em 2025, que há quatro semanas estava em US$ 73 bilhões, foi revisada para US$ 62,25 bilhões. A queda é significativa e reflete a perda de competitividade dos produtos brasileiros no mercado estadunidense.
Por outro lado, a pressão sobre os preços internos pode ser suavizada. Com menos demanda externa, setores como o agronegócio tendem a redirecionar parte da produção ao mercado interno, o que deve aliviar os preços no curto prazo. Essa redistribuição da oferta é vista como uma válvula de escape momentânea frente à escalada das tarifas.
PIB e juros mantêm estabilidade
Enquanto as expectativas inflacionárias recuam, as previsões para o crescimento econômico deste ano permanecem inalteradas. O mercado financeiro continua projetando alta de 2,23% no PIB de 2025. Também se mantêm estáveis as estimativas para o dólar, em R$ 5,60, e para a taxa básica de juros, a Selic, fixada em 15% ao ano.
Para os próximos anos, os dados apontam discreta piora nas expectativas de crescimento. Em 2026, a previsão para o PIB recuou de 1,89% para 1,88%, enquanto para 2027 a estimativa caiu de 2% para 1,95%. Já a inflação projetada para 2026 também teve leve queda, passando de 4,44% para 4,43%, permanecendo dentro do teto da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional.
Com os olhos voltados para os desdobramentos da guerra comercial entre Brasil e Estados Unidos, o mercado continuará monitorando os efeitos da nova política tarifária sobre os preços internos e sobre a balança comercial, em um cenário que mistura riscos e oportunidades para a economia brasileira.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/boletim-focus-inflacao-recua-pela-decima-semana-e-tarifa-dos-eua-pode-conter-precos-no-brasil/