4 de novembro de 2025
Brasil quer ser o primeiro país a investir em fundo
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O Brasil estuda se tornar o primeiro país a anunciar investimento no TFFF (Fundo de Florestas Tropicais, na sigla em inglês), mecanismo financeiro internacional que pode movimentar até R$ 7 bilhões para o país, caso alcance a meta de desmatamento zero. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, a possibilidade está sob análise do Palácio do Planalto e pode ser formalizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante sua viagem a Nova York, onde participará da Assembleia-Geral da ONU e de eventos ligados à agenda climática.

Agenda ambiental em Nova York

A viagem de Lula começa neste domingo (21), com compromissos voltados ao debate ambiental. Na terça-feira (23), o presidente deve participar de um evento organizado pelo Brasil na ONU para promover justamente o TFFF. Segundo fontes que acompanham o tema, tanto o valor quanto a decisão final sobre a entrada do país no fundo ainda estão em avaliação.

O anúncio busca posicionar o Brasil como líder em preservação florestal e incentivar outras nações a aderirem ao mecanismo, também idealizado pelo próprio governo brasileiro. Alemanha, Noruega e Reino Unido já estudam investir, enquanto a China sinalizou interesse inicial, mas sem compromissos concretos.

Como funciona o TFFF

O fundo foi estruturado como um investimento coletivo, no qual países e entidades privadas aportam recursos e recebem rendimentos em taxas de mercado. A diferença é que parte desses ganhos é revertida a países com florestas tropicais, mesmo que não sejam investidores diretos, desde que cumpram requisitos de preservação ambiental.

Entre os critérios de elegibilidade estão desmatamento inferior a 0,5% ao ano, destinação de 20% dos recursos a povos indígenas, relatórios periódicos de políticas ambientais e a proibição de integrar o valor ao Orçamento público. Hoje, apenas 30 das mais de 70 nações com florestas tropicais poderiam receber recursos.

Ganhos para o Brasil e o mundo

Segundo cálculos preliminares do governo Lula, o Brasil poderia obter até R$ 7 bilhões em rendimentos, além de benefícios adicionais, em um cenário de desmatamento zero e incêndios florestais controlados. O país é o que detém a maior extensão de florestas tropicais do mundo, incluindo a Amazônia e a Mata Atlântica.

O TFFF tem como objetivo inicial captar US$ 25 bilhões (R$ 132 bilhões) em compromissos de países e entidades filantrópicas até a COP30, em novembro. Esse valor permitiria iniciar as operações do fundo e alavancar mais R$ 100 bilhões (R$ 530 bilhões) no mercado financeiro. Cada hectare preservado no planeta poderia render até US$ 4 (R$ 21) para as nações participantes.

Estrutura de governança e prazos

O fundo deve ser administrado em parceria com o Banco Mundial, o que dá credibilidade e segurança jurídica ao processo. Estão previstos dois organismos: um de governança, com países e apoiadores, e outro financeiro, com CEO e conselho gestor, que contratará empresas para gerir os investimentos. Ainda não foi definido o país que sediará essa estrutura.

Os contratos terão duração de 40 anos, com rendimentos pagos anualmente. A partir do décimo ano, os investidores começam a receber de volta parte dos valores aplicados, com a expectativa de recuperar integralmente o montante no fim do contrato, acrescido dos lucros.

Segurança contra riscos

Estudos técnicos apontam baixa probabilidade de prejuízo: menos de 1%. Caso o retorno seja menor do que o previsto, os primeiros cortes afetariam pagamentos pela conservação das florestas, seguidos pelos repasses aos países e, por último, aos investidores privados. A chance de frustração de rendimentos é estimada em menos de 4%.

A adesão formal do Brasil ao fundo ainda depende de decisão política, mas especialistas avaliam que, se confirmada, reforçará o protagonismo do país na agenda climática global e poderá servir de modelo para outras nações tropicais.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/brasil-quer-ser-o-primeiro-pais-a-investir-em-fundo-global-para-florestas-tropicais-que-pode-render-r-7-bi/