Com alívio para setores-chave, tarifaço de Trump deve ter impacto moderado no Brasil – Agenda do Poder

O tarifaço de 50% anunciado pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra produtos brasileiros chegou com bem menos força do que o esperado. Segundo a colunista do g1 Ana Flor, que ouviu negociadores e especialistas brasileiros, a ordem executiva oficializada nesta quarta-feira (30) veio acompanhada de uma ampla lista de exceções que isenta os principais setores exportadores do Brasil. A medida era temida por empresários e autoridades por seus possíveis efeitos devastadores sobre a economia nacional.

Na prática, produtos como aviões, helicópteros e suas peças, suco de laranja, celulose, madeira, móveis, cobre, aço, ferro, alumínio, combustíveis, castanhas e fertilizantes não serão afetados pela nova taxação. A decisão foi interpretada pelo governo brasileiro como um alívio, diante da expectativa inicial de prejuízos bilionários e instabilidade comercial.

Mais isenções podem vir nos próximos dias

De acordo com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnik, há chance de ampliação das exclusões até a próxima semana. Entre os produtos que podem ser poupados estão o café e a manga — itens que, segundo o governo americano, não competem com a produção interna e, por isso, não justificam a aplicação da tarifa.

A nova política tarifária, que entrará em vigor no dia 6 de agosto, ainda preocupa segmentos como o de pescados e carnes, que não constam na lista de exceções. Segundo um ministro brasileiro ouvido pela colunista, o foco agora será identificar quais setores permanecem sob o alcance das tarifas e desenvolver medidas compensatórias, como estímulo à diversificação de mercados.

Governo e mercado reagem com cauteloso otimismo

A avaliação preliminar de negociadores brasileiros do setor público e privado é de que o impacto das medidas, embora relevante, será muito menor do que o inicialmente estimado. O recuo parcial dos Estados Unidos permitiu que parte significativa das exportações brasileiras escapasse da taxação, reduzindo a necessidade de ações emergenciais.

Ainda assim, o governo brasileiro mantém a vigilância sobre possíveis alterações nas medidas nos próximos dias. Paralelamente, articulações diplomáticas e comerciais seguem em curso para ampliar o número de produtos isentos e mitigar qualquer efeito residual sobre a balança comercial entre os dois países.