
A poucos meses da COP30, Belém enfrenta uma crise provocada pela disparada dos preços de hospedagem durante o evento. Hotéis simples da capital paraense estão cobrando valores mais altos do que suítes de luxo no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, o que gerou reações internacionais e levou países emergentes a pedirem a mudança da sede da conferência da ONU sobre o clima. As informações são da coluna de Carlos Madeiro no portal UOL.
Entre os dias 16 e 21 de novembro, período que corresponde à reta final do evento, diárias em hotéis de três estrelas em Belém chegam a custar mais de R$ 10 mil. Segundo consulta feita na sexta-feira passada em plataformas como o Booking, um hotel com avaliação inferior a 7 cobra R$ 51 mil por cinco diárias para duas pessoas — valor superior ao de uma suíte com varanda e vista para o mar no tradicional hotel carioca, cotada em R$ 49 mil para o mesmo período.
Quando a pesquisa é feita para o mês anterior, entre 5 e 10 de outubro, a mesma hospedagem em Belém custa apenas R$ 2.633, o que representa uma diferença de 95% em relação ao valor praticado durante a conferência.
Acomodação de luxo e casas ultrapassam R$ 1 milhão
Em hotéis de alto padrão, os valores são ainda mais elevados. Um cinco estrelas da capital paraense cobra até R$ 125 mil pelas cinco diárias durante a COP30. Para efeito de comparação, a principal suíte do Copacabana Palace — com 69 m² — sai por R$ 60,5 mil no mesmo período.
O mercado de locação por temporada também registra cifras milionárias. Para os 11 dias da COP30, de 10 a 21 de novembro, há anúncios que superam R$ 1 milhão. Um apartamento de alto padrão com 800 m², por exemplo, é anunciado por R$ 2,2 milhões. Outros dois imóveis ultrapassam a marca de R$ 1 milhão, e diversas casas, flats e apartamentos estão listados por valores superiores a R$ 500 mil.
Reações e pressão internacional
Os preços considerados “exorbitantes” já provocaram reações de países em desenvolvimento, que pedem a transferência do evento para outra cidade. Algumas delegações ameaçam reduzir o número de representantes ou até mesmo não comparecer caso os custos de hospedagem não sejam contidos.
Apesar da pressão, o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, garantiu que a conferência será mantida em Belém. “Eu acredito que essa questão das hotelarias, seja através do governo do estado, seja do governo federal, nós vamos encontrar uma solução relacionada a isso”, afirmou. O presidente da COP também descartou a existência de um plano B.
Medidas emergenciais e resposta do governo
Em nota, o Governo do Pará informou que tem adotado uma série de medidas para ampliar a oferta de hospedagem. Entre elas, a construção do Vila COP, que contará com 405 leitos para líderes e delegações, o fretamento de navios para hospedagem flutuante e a adaptação de escolas estaduais no formato de hostels. A gestão estadual também tem estimulado o aluguel por temporada e firmou parcerias com plataformas digitais para expandir a rede disponível.
O governo destacou ainda o acordo de cooperação assinado com a ABIH (Associação Brasileira da Indústria Hoteleira) no Pará, com o objetivo de garantir preços acessíveis para representantes dos 196 países participantes da COP30.
A nota ressalta que a locação de imóveis e os preços das diárias são regulados pelo direito privado, baseados na livre negociação entre as partes, sem possibilidade de intervenção direta do Estado. “Mesmo diante desses limites, o Governo do Pará mantém diálogo constante com proprietários, imobiliárias e empreendimentos de hospedagem para reforçar a importância de práticas responsáveis durante a conferência”, conclui o comunicado.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/cop30-preco-de-hotel-3-estrelas-em-belem-supera-o-de-suite-no-copacabana-palace-e-gera-criticas/