
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decide nesta quarta-feira (30) se mantém ou altera a taxa Selic, atualmente em 15% ao ano — o maior nível desde julho de 2006. Com a inflação mostrando sinais de desaceleração, mas ainda pressionada por alguns itens, como energia elétrica e passagens aéreas, a expectativa do mercado é de manutenção da taxa no patamar atual, conforme aponta a edição mais recente do boletim Focus.
A decisão ocorre após sete aumentos consecutivos iniciados em setembro do ano passado, quando a taxa estava em 10,5% ao ano. Desde então, o Copom promoveu ajustes graduais: um aumento de 0,25 ponto percentual, seguido por uma alta de 0,5 ponto, três elevações de 1 ponto, uma nova de 0,5 ponto e outra de 0,25 ponto, até atingir o nível atual.
Na ata da última reunião, realizada em junho, o comitê indicou que a Selic permanecerá elevada por um “período bastante prolongado”, devido à persistência dos núcleos de inflação — que excluem itens voláteis, como alimentos in natura e preços administrados. Segundo o Banco Central, esses núcleos seguem pressionados há meses, exigindo a continuidade de uma política monetária contracionista.
Projeções de inflação e meta contínua preocupam BC
Apesar de o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ter recuado para 0,24% em junho, acumulando alta de 5,35% em 12 meses, o IPCA-15 de julho veio acima do esperado, puxado principalmente por aumentos em energia elétrica e passagens aéreas. O boletim Focus também revisou para baixo a projeção da inflação para 2025, de 5,2% para 5,09%, ainda assim acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto percentual — o que permite variação entre 1,5% e 4,5%.
Com o novo regime de metas contínuas, em vigor desde janeiro, a meta é apurada mensalmente com base na inflação acumulada em 12 meses, e não mais com base no índice fechado de dezembro. Isso significa que o Banco Central precisa manter vigilância permanente sobre os preços, já que a avaliação da política monetária se dá de forma contínua ao longo do ano.
Selic elevada freia consumo e estimula poupança
A taxa Selic é o principal instrumento do Banco Central para conter a inflação. Ela influencia diretamente o custo do crédito, o retorno da poupança e os juros praticados em toda a economia. Com juros mais altos, o crédito fica mais caro, o que reduz a demanda, ajudando a controlar os preços. Ao mesmo tempo, a taxa elevada também pode dificultar a retomada do crescimento econômico, por desestimular investimentos e consumo.
Segundo o BC, a manutenção da Selic em patamar elevado é necessária para garantir a convergência da inflação à meta no médio prazo. Mas analistas divergem sobre o momento exato em que a taxa poderá começar a cair. O consenso atual, segundo o Focus, é de que esse alívio só viria em 2026.
Reunião técnica e anúncio da decisão
O Copom se reúne a cada 45 dias para avaliar o cenário macroeconômico e tomar decisões sobre a taxa básica de juros. O primeiro dia da reunião é dedicado a apresentações técnicas sobre a evolução da economia brasileira e internacional. No segundo dia, os diretores do Banco Central analisam os dados e votam sobre o nível da Selic.
A decisão será anunciada ao fim da tarde desta quarta-feira e será acompanhada com atenção por investidores, empresários e consumidores, já que define os rumos da política monetária e impacta diretamente o comportamento da economia no curto e médio prazo.
No último Relatório de Política Monetária, divulgado em junho, o BC manteve a previsão de que o IPCA encerrará 2025 em 4,9%. A estimativa poderá ser revisada na próxima edição do relatório, prevista para setembro, dependendo da evolução do câmbio e dos preços administrados. Até lá, a expectativa é de manutenção da cautela por parte da autoridade monetária diante das incertezas inflacionárias.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/copom-decide-nesta-quarta-se-interrompe-ciclo-de-alta-na-taxa-de-juros/