30 de dezembro de 2025
Déficit de estatais federais chega a R$ 6,3 bilhões e
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O déficit acumulado das empresas estatais federais entre janeiro e novembro atingiu R$ 6,3 bilhões, segundo dados divulgados pelo Banco Central. O valor é o segundo maior já registrado na série histórica do órgão, iniciada em 2002, ficando atrás apenas do resultado observado no mesmo período do ano passado, quando o rombo somou R$ 6,7 bilhões.

O resultado indica que, no conjunto, as despesas dessas estatais superaram as receitas geradas ao longo do ano. Houve, ainda assim, uma leve melhora em relação ao acumulado até outubro, quando o déficit estava em R$ 6,35 bilhões, sinalizando uma pequena redução no ritmo do desequilíbrio fiscal.

O que entra no cálculo do Banco Central

A série histórica divulgada pelo Banco Central não inclui a Petrobras, a Eletrobras nem as empresas estatais do setor financeiro, como bancos públicos. O foco está nas companhias federais não financeiras, cujo desempenho tem impacto direto sobre as contas públicas.

O cálculo considera a necessidade de financiamento dessas empresas, ou seja, se elas demandam recursos adicionais do Tesouro Nacional ou, ao contrário, se conseguem gerar excedentes e injetar verbas nos cofres públicos. No período analisado, o resultado agregado foi negativo, ampliando a pressão sobre o resultado fiscal do governo federal.

Correios concentram maior parte do desequilíbrio

O desempenho das estatais é fortemente influenciado pela situação financeira dos Correios. A empresa atravessa uma crise fiscal prolongada e estima a necessidade de até R$ 20 bilhões para retomar a sustentabilidade financeira até 2027.

Somente neste ano, já foi firmado um empréstimo de R$ 12 bilhões com o objetivo de tentar reverter uma sequência de 12 trimestres consecutivos de resultados negativos. Ainda assim, os números seguem preocupantes. Em 2024, o déficit dos Correios superou R$ 2,5 bilhões. No acumulado do primeiro semestre de 2025, o prejuízo já ultrapassou R$ 4 bilhões.

Caso nenhuma medida adicional seja adotada, as projeções indicam que o resultado negativo pode chegar a R$ 10 bilhões até o fim de 2025 e alcançar R$ 23 bilhões em 2026.

Prejuízo estrutural e universalização do serviço

Atualmente, os Correios enfrentam um prejuízo estrutural estimado em mais de R$ 4 bilhões por ano, decorrente, sobretudo, da obrigação de cumprir a universalização do serviço postal. A manutenção de atendimento em regiões remotas e pouco rentáveis eleva os custos operacionais e limita a capacidade de geração de receita da estatal.

Esse fator é apontado como um dos principais entraves para o equilíbrio financeiro da empresa, que precisa conciliar a função social com a sustentabilidade econômica.

Plano de recuperação em andamento

Para tentar reverter o quadro, os Correios anunciaram nesta semana um plano de recuperação que prevê medidas de forte impacto. Entre as ações estão o fechamento de cerca de mil agências em todo o país e a demissão de aproximadamente 15 mil funcionários.

Além da redução de custos, o plano inclui a alavancagem de receitas por meio da venda de imóveis e de outros ativos da estatal federal. A expectativa da direção da empresa é que esse conjunto de medidas ajude a conter o prejuízo estrutural e a reduzir a dependência de aportes públicos nos próximos anos.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/deficit-de-estatais-federais-chega-a-r-63-bilhoes-e-e-o-segundo-maior-da-serie-historica/