
A atividade econômica brasileira voltou a cair em julho, marcando o terceiro mês consecutivo de recuo, segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). O indicador, considerado uma espécie de termômetro antecipado do PIB, registrou queda de 0,5% em relação a junho, já descontados os efeitos sazonais. O resultado veio pior do que o previsto por analistas, que esperavam retração de apenas 0,2%.
Na comparação com julho de 2024, porém, houve alta de 1,1%. No acumulado em 12 meses, o índice apresenta crescimento de 3,5%, de acordo com dados não dessazonalizados do Banco Central.
Setores em queda
Segundo o levantamento, todos os grandes setores da economia contribuíram para o desempenho negativo em julho. A agropecuária recuou 0,8% em relação a junho, a indústria encolheu 1,1% e o setor de serviços, que responde por mais de 70% do PIB, caiu 0,2%.
Os números reforçam a percepção de desaceleração da economia. No segundo trimestre, o PIB já havia mostrado perda de fôlego, com crescimento de 0,4% frente aos três primeiros meses do ano, após alta de 1,3% no início de 2025.
Pressão sobre o Copom
A divulgação ocorre às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que começa nesta terça-feira (16). O mercado aposta que os diretores do Banco Central devem manter a taxa Selic em 15% ao ano, diante da combinação de atividade mais fraca e inflação ainda resistente. A decisão será anunciada na quarta-feira (17).
Em sua última reunião, no fim de julho, o BC já havia sinalizado que os indicadores de atividade vinham mostrando moderação, mas alertou para a resiliência do mercado de trabalho, com taxa de desemprego em mínimas históricas.
Projeções revisadas
O Ministério da Fazenda revisou na semana passada sua previsão de crescimento para 2025, de 2,5% para 2,3%, após os dados mais fracos do segundo trimestre. No setor privado, a projeção é ainda mais conservadora: o relatório Focus divulgado nesta segunda-feira (15) aponta crescimento de 2,16% para o PIB neste ano.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, tem ressaltado que a convergência da inflação para a meta de 3% ocorre em ritmo lento. “As expectativas do mercado e as projeções do BC ainda estão distantes da meta”, disse em recentes entrevistas, reforçando o tom cauteloso que deve prevalecer no Copom.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/economia-registra-terceira-queda-seguida-e-ibc-br-recua-mais-do-que-o-previsto-em-julho/