30 de abril de 2025
Eletrobras aprova acordo com governo Lula e libera dividendos recordes
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A Eletrobras aprovou nesta terça-feira (29) um acordo com o governo federal que aumenta a presença da União no conselho de administração da companhia. A informação é do jornal Folha de S.Paulo, que acompanhou a assembleia de acionistas responsável por formalizar a decisão. Na mesma reunião, também foi aprovada a distribuição de R$ 1,8 bilhão em dividendos extraordinários, elevando para R$ 4 bilhões o total distribuído com base no lucro líquido de R$ 10,4 bilhões registrado em 2024 — o maior valor proporcional da história da empresa.

O acordo, mediado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), atende a uma demanda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desde o início de seu terceiro mandato: retomar parte do controle sobre a ex-estatal, privatizada em 2022. Com a decisão, o governo federal passa a contar com três cadeiras no conselho de administração da Eletrobras, embora siga como acionista minoritário. Os novos representantes indicados por Lula são Silas Rondeau, Maurício Tolmasquim e Nelson Hubner, todos com histórico de atuação no setor energético durante gestões petistas.

Além dos nomes indicados pelo governo, a assembleia confirmou cinco conselheiros recomendados pela atual administração da empresa: Vicente Falconi, Marisete Dadald Pereira, Ana Silvia Corso Matte, Felipe Villela Dias e Carlos Ferreira. O conselheiro Pedro Batista foi eleito separadamente, com o apoio dos acionistas preferencialistas. Já o banqueiro José João Abdalla, conhecido como Juca Abdalla, garantiu uma vaga apesar das críticas por sua atuação simultânea no conselho da Petrobras — situação que os acionistas julgaram não configurar conflito de interesse.

Fora do novo colegiado ficou Marcelo Gasparino, figura central nos recentes embates internos da companhia. Gasparino havia renunciado ao cargo na Petrobras para manter sua candidatura ao conselho da Eletrobras, que possui regras mais rígidas quanto à atuação simultânea de seus membros em outras empresas.

Outro ponto relevante do acordo firmado entre a Eletrobras e o governo é a liberação da empresa da obrigação de investir na construção da usina nuclear de Angra 3. A medida foi vista por analistas do setor como um alívio financeiro e estratégico para a companhia, que poderá agora redirecionar recursos a projetos considerados mais rentáveis.

Com a distribuição adicional de dividendos aprovada na assembleia, os acionistas comemoram um retorno recorde. Segundo a empresa, os R$ 4 bilhões pagos equivalem à maior fatia proporcional do lucro líquido já distribuída em sua história, um marco que reforça o novo perfil da Eletrobras como companhia de capital privado com foco na remuneração ao investidor.

A decisão representa um ponto de equilíbrio delicado entre a política e o mercado: ao mesmo tempo em que retoma influência sobre a empresa, o governo precisou construir um entendimento com acionistas privados, evidenciando o desafio de gerir uma ex-estatal em ambiente de capital aberto.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/eletrobras-aprova-acordo-com-governo-lula-e-libera-dividendos-recordes-aos-acionistas/