1 de agosto de 2025
EUA colocam Brasil entre os países que ‘sufocam’, e embaixada
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, oficializou nesta quinta-feira (31) a imposição de tarifas comerciais contra dezenas de países, com alíquotas que variam de 10% a 41%. A medida, que entra em vigor em 7 de agosto, tem como alvo 69 parceiros comerciais. O Brasil foi o mais duramente atingido: apesar de figurar inicialmente com uma taxa de 10%, Trump assinou um segundo decreto que impõe uma tarifa adicional de 40%, elevando a carga total para 50%.

Com isso, o Brasil supera outras nações como Síria (41%), Suíça (39%), África do Sul (30%) e Venezuela (15%). A decisão, segundo Trump, se baseia em alegadas ameaças econômicas e de segurança nacional. O presidente também mencionou, em carta, que a “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro contribuiu para o endurecimento das medidas contra o país.


Canadá sofre aumento e México ganha prazo

O Canadá, vizinho histórico e aliado comercial dos EUA, também sofreu um duro golpe. As tarifas sobre produtos canadenses foram elevadas de 25% para 35%, com início já nesta sexta-feira (1º). Em nota, a Casa Branca justificou o aumento pela “inação contínua” de Ottawa e citou o fracasso em coibir o tráfico de fentanil. Trump ainda acusou o país de aplicar tarifas abusivas sobre produtos agrícolas americanos.

Em contraste, o México ganhou um adiamento de 90 dias da tarifa de 30% para que um possível acordo comercial seja costurado. A União Europeia, Japão e Coreia do Sul conseguiram negociar reduções de tarifas, consolidando acordos já em andamento.


Impactos e exceções para o Brasil

Apesar da sobretaxa de 50%, o Brasil conseguiu preservar uma lista de quase 700 produtos que ficarão isentos da nova medida, o que representa 43% do valor total exportado para os Estados Unidos. Entre os itens protegidos estão derivados de petróleo, ferro-gusa, suco de laranja e produtos da aviação civil.

Por outro lado, carnes, pescados e café não escaparam das tarifas, o que deve afetar significativamente os setores exportadores brasileiros. A Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) já articula reuniões com o Itamaraty para avaliar possíveis respostas diplomáticas.

Em comunicado oficial, a Casa Branca afirmou que o objetivo é “lidar com políticas e práticas recentes do governo brasileiro que representam uma ameaça extraordinária à segurança nacional, à economia e à política externa dos Estados Unidos”.


Geopolítica e negociações em curso

As novas tarifas recuperam a iniciativa apelidada por Trump de “Dia da Libertação”, lançada em abril, mas suspensa dias depois devido à forte reação internacional. Naquele momento, uma taxa provisória de 10% foi aplicada enquanto Washington buscava acordos bilaterais.

O governo americano ainda tenta finalizar um acordo com a China até 12 de agosto. Segundo o secretário do Tesouro, Scott Bessent, as bases para um entendimento estão lançadas, mas a decisão final depende da aprovação de Trump.

Com a escalada tarifária, a expectativa é de novos desdobramentos diplomáticos. A medida já afeta as cadeias produtivas de exportação e pode gerar represálias ou realinhamentos geopolíticos.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/em-nova-rodada-global-de-tarifas-brasil-continua-como-o-mais-atingido-por-decisao-de-trump/