29 de junho de 2025
Faturamento das pequenas e médias empresas cai 4,9% em abril,
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As pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras sofreram uma queda de 4,9% no faturamento em abril deste ano, na comparação com o mesmo mês de 2024, conforme aponta o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs). Segundo informa Míriam Leirão em sua coluna no jornal O GLOBO, a retração chega a 2,2% no acumulado do ano, mas o desempenho positivo do setor de Comércio, que cresceu 5,6%, ajudou a amenizar o impacto negativo.

O IODE-PMEs acompanha a atividade econômica de empresas com faturamento anual de até R$ 50 milhões, monitorando 736 atividades em quatro grandes setores: Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.

Segundo Felipe Beraldi, gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, parte do recuo mensal se explica pelo “efeito calendário”:

— Abril de 2024 teve 22 dias úteis, enquanto neste ano foram apenas 20. Esse fator impacta diretamente o faturamento de diversos segmentos.

Descontado esse efeito, a movimentação média diária das contas a receber das PMEs apresentou queda moderada de 0,4% em relação a abril de 2024. Já na comparação com março deste ano, houve crescimento de 0,5%, sinalizando uma possível trajetória de recuperação.

No setor de Comércio, o recuo anual foi de apenas 0,5%, após avanço de 2,9% em março. O crescimento foi puxado pelo segmento de “comércio e reparação de veículos”, que avançou 14,1% no ano. Por outro lado, os segmentos atacadista e varejista recuaram 0,9% e 3,1%, respectivamente, com o varejo acumulando sua segunda queda consecutiva. Alguns nichos, porém, se destacaram com crescimento, como o atacado de café em grão, bebidas e materiais de construção, além do varejo de equipamentos para escritório, produtos alimentícios e artigos de papelaria.

O setor de Serviços registrou queda de 1,6% em abril, interrompendo a sequência positiva dos meses anteriores. O recuo foi amenizado por segmentos como “informação e comunicação” e “atividades administrativas e serviços complementares”, mas setores importantes, como “educação” e “alimentação”, apresentaram desempenho negativo.

A Indústria acumulou seu sexto mês consecutivo de retração, com queda de 8,7% na comparação anual. Entre os 23 subsetores acompanhados, apenas quatro registraram crescimento, destacando-se “produtos químicos” e “produtos de borracha e de material plástico”. Já “metalurgia” e “fabricação de máquinas e equipamentos” puxaram a baixa.

O setor de Infraestrutura também apresentou retração de 6,9%, refletindo o ambiente macroeconômico mais restritivo, que afeta atividades dependentes de investimentos e crédito. Segmentos como “construção de edifícios” e “serviços especializados para construção” foram especialmente impactados, evidenciando a sensibilidade do setor às condições financeiras adversas.

Beraldi ressalta que o cenário macroeconômico brasileiro segue desafiador, com pressões inflacionárias persistentes e ciclo prolongado de elevação da taxa básica de juros pelo Banco Central. No entanto, o especialista aponta mudanças recentes nas expectativas do mercado:

— A desaceleração do IPCA reforçou a percepção de que o ciclo de alta da Selic pode estar próximo do fim. Essa sinalização, somada à melhora das projeções de inflação de médio prazo divulgadas pelo Boletim Focus, tem potencial para aliviar parte das pressões, especialmente no acesso ao crédito, e favorecer um ambiente mais positivo para as PMEs nos próximos meses.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/faturamento-das-pequenas-e-medias-empresas-cai-49-em-abril-mas-comercio-alivia-queda/