14 de outubro de 2025
FMI eleva previsão de crescimento do Brasil para 2,4% em
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O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para cima a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2025, elevando-a de 2,3% para 2,4%, segundo relatório divulgado nesta terça-feira (14). A estimativa reflete a força demonstrada pela economia brasileira no início do ano, impulsionada sobretudo pelo desempenho recorde do agronegócio no primeiro trimestre.

No mesmo documento, o Fundo também revisou o crescimento global, que passou de 3% para 3,2%. Apesar da melhora nas previsões, o relatório ressalta que a expansão econômica segue limitada por incertezas internacionais, políticas monetárias restritivas e condições fiscais apertadas em diversas economias.

Crescimento acima do esperado pelo mercado

A projeção do FMI é mais otimista do que a apresentada pelo Boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central (BC) que reúne as estimativas de analistas de mercado. Segundo o último levantamento, divulgado na segunda-feira (13), a expectativa de alta do PIB brasileiro em 2025 é de 2,16%.

O desempenho acima do previsto no início do ano, impulsionado pela produção agrícola e pelo consumo ainda resiliente em alguns setores, contribuiu para o tom mais positivo do Fundo. No entanto, o relatório alerta que “as economias emergentes, embora tenham demonstrado resiliência, estão enfrentando uma desaceleração no consumo e no investimento, em consonância com a confiança deprimida de consumidores e empresas”.

O documento acrescenta que, embora os mercados emergentes tenham sido beneficiados por “melhorias institucionais domésticas e condições externas favoráveis”, o cenário começa a mudar. “As condições externas estão se tornando mais desafiadoras e, em alguns casos, o dinamismo doméstico está desacelerando. No Brasil, por exemplo, já surgem sinais de moderação em meio a políticas monetária e fiscal restritivas”, diz o relatório.

Juros altos e aperto fiscal freiam economia

Um dos principais fatores de contenção apontados pelo FMI é a política monetária adotada pelo Banco Central. O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic em 15% na última reunião, em setembro — nível elevado que, segundo o relatório, restringe o crédito e o consumo.

O documento observa ainda que a capacidade do governo federal de estimular a economia via política fiscal está limitada. “Os incentivos fiscais vêm sendo cada vez mais restritos, o que reduz o espaço para impulsionar a demanda interna”, destaca o texto.

Pressões externas e impacto das tarifas dos EUA

O FMI também atribui parte da desaceleração esperada para 2026 à política comercial dos Estados Unidos. As tarifas mais altas impostas pelo governo estadunidense estão reduzindo a demanda externa, afetando especialmente países com economias voltadas à exportação, como o Brasil.

Em função disso, o Fundo revisou para baixo a projeção de crescimento brasileiro para 2026, de 2,1% para 1,9%, apesar do leve aumento para 2025. “A incerteza elevada em torno das políticas comerciais tem enfraquecido o apetite das empresas por investimento”, avalia o documento.

Economia global cresce, mas incertezas persistem

O relatório do FMI também destaca que, embora o crescimento global de 3,2% represente uma leve melhora em relação à previsão de julho, o cenário econômico internacional segue frágil. As tensões comerciais, a volatilidade geopolítica e o fim de estímulos pós-pandemia continuam a limitar a expansão das principais economias.

“A resiliência inesperada da atividade econômica e a resposta moderada da inflação refletem — além do fato de que o choque tarifário acabou sendo menor do que o inicialmente anunciado — uma série de fatores que proporcionam um alívio temporário, em vez de revelarem uma força subjacente nos fundamentos econômicos”, afirma o texto.

O Fundo também alerta que a falta de acordos comerciais claros e duradouros entre grandes parceiros econômicos cria um ambiente de incerteza que desestimula o investimento privado e retarda o crescimento.

Brasil entre a resiliência e a moderação

O desempenho recente da economia brasileira é visto pelo FMI como exemplo de resiliência entre os países emergentes, mas o relatório reforça que o país enfrenta um cenário de moderação pela frente. O desafio, segundo os técnicos do Fundo, será manter o equilíbrio entre disciplina fiscal e estímulos suficientes para sustentar o crescimento.

Ainda que o Brasil deva crescer acima da média da América Latina em 2025, o Fundo alerta que a combinação de juros altos, restrição fiscal e incertezas externas pode limitar o ritmo de expansão nos próximos anos.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/fmi-eleva-previsao-de-crescimento-do-brasil-para-24-em-2025/