
O Fundo Monetário Internacional (FMI) manteve a estimativa de crescimento de 2,3% para a economia brasileira em 2025, conforme comunicado divulgado nesta quinta-feira (17). A projeção confirma a avaliação da missão técnica que esteve no país em junho para reuniões com autoridades do governo federal e do Banco Central.
A expectativa do Fundo é de que, até 2030, o crescimento brasileiro possa chegar a 2,5% ao ano, impulsionado por um cenário de normalização monetária e avanços estruturais, como a implementação da reforma tributária que prevê o novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA).
A previsão está alinhada com a estimativa do Ministério da Fazenda, que projeta uma alta de 2,5% no Produto Interno Bruto (PIB) este ano. Já o Banco Central é um pouco mais conservador e espera crescimento de 2,1%, mantendo a mesma projeção feita em dezembro de 2024.
Cenário desafiador e incertezas globais
Segundo o conselho do FMI, o Brasil segue enfrentando “condições monetárias e financeiras restritivas, redução do apoio fiscal e maior incerteza política global”. Ainda assim, o país demonstra resiliência diante das turbulências externas, em especial no mercado de trabalho e no setor agrícola.
O Fundo também reiterou que o aperto monetário iniciado pelo Banco Central em setembro de 2024 foi “apropriado e consistente com a necessidade de convergência da inflação à meta”. A taxa básica de juros foi elevada à época como resposta à inflação persistente e ao aumento das expectativas inflacionárias no médio prazo.
“No contexto de elevada incerteza global e expectativas de inflação acima de níveis consistentes com a meta, manter a flexibilidade sobre o ritmo e extensão do ciclo de alta é prudente”, avaliou o FMI em nota.
Inflação acima da meta até 2025
A inflação deve seguir pressionada no curto prazo. A projeção do FMI é que o índice feche 2025 em 5,2%, acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central, que é de 3% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. O Fundo prevê, no entanto, que o índice convergirá gradualmente para a meta até 2027.
Recomendações fiscais e trajetória da dívida
Em relação à política fiscal, o FMI defendeu a adoção de medidas mais ambiciosas para garantir a sustentabilidade das contas públicas. O Fundo sugere “um esforço fiscal mais sustentado”, com ampliação da arrecadação, racionalização de gastos e aprimoramento do novo arcabouço fiscal aprovado pelo Congresso em 2023.
A ideia é colocar a dívida pública em trajetória de queda consistente, abrindo espaço para redução de juros e maior investimento público, sem comprometer a credibilidade fiscal.
Governo vê mercado de trabalho como motor do crescimento
A Secretaria de Política Econômica (SPE), do Ministério da Fazenda, divulgou boletim neste mês reiterando a projeção de 2,5% de crescimento do PIB em 2025. Para 2026, a expectativa é de um avanço de 2,4%.
Segundo a SPE, a revisão positiva das projeções “está relacionada principalmente à resiliência do mercado de trabalho no segundo trimestre e ao avanço pouco expressivo da inadimplência, levando à expectativa de melhor desempenho do consumo das famílias nos próximos meses, apesar da política monetária restritiva”.
BC revisa para baixo, mas destaca agro como vetor positivo
Já o Banco Central prevê crescimento de 2,1% para o PIB brasileiro em 2025. A projeção leva em conta surpresas positivas no primeiro semestre e a melhoria na perspectiva da produção agrícola.
De acordo com dados do IBGE, o PIB cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025 em relação aos três meses anteriores, impulsionado principalmente pela recuperação da safra. O desempenho reforça a percepção de que a economia brasileira pode encerrar o ano com um resultado robusto, ainda que os riscos permaneçam elevados no cenário internacional.
A análise do FMI, embora conservadora, sugere que o Brasil poderá manter trajetória de crescimento moderado nos próximos anos, desde que avance nas reformas estruturais e preserve o compromisso com o equilíbrio fiscal.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/fmi-mantem-projecao-de-crescimento-de-23-para-o-brasil-em-2025-e-preve-pib-mais-forte-ate-2030/