4 de julho de 2025
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A repercussão da fraude nos descontos de aposentadorias e pensões do INSS superou amplamente a de outros episódios de grande visibilidade nacional neste ano, como a crise do Pix, a internação do ex-presidente Jair Bolsonaro e o debate sobre a anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.

É o que revela levantamento da Quaest divulgado nesta segunda-feira (12), com base em um mapeamento de mais de 3,6 milhões de mensagens em grupos públicos de WhatsApp, Telegram e Discord entre 21 de abril e 7 de maio.

De acordo com a pesquisa, publicada pelo O Globo, o escândalo dos descontos indevidos no INSS gerou um volume de mensagens 2,6 vezes maior do que o registrado no auge das discussões sobre a possível taxação do Pix. Para chegar aos resultados, a Quaest utilizou a metodologia de social listening, que permite monitorar em tempo real a quantidade, o conteúdo e o tom das interações sobre determinados temas em plataformas de mensageria digital.

O estudo aponta que cerca de 50% das mensagens analisadas sobre o caso do INSS tinham caráter crítico, sendo quase metade (47%) acompanhadas de notícias. Já os conteúdos de defesa ao governo Lula representaram apenas 3% das menções. A Quaest analisou 30 mil grupos públicos ao longo do período, o que permitiu identificar picos claros de engajamento: o primeiro no dia da deflagração da operação da Polícia Federal (23/4), o segundo com a divulgação do relatório da PF (29/4) e o terceiro entre 5 e 6 de maio, impulsionado por um vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).

Segundo a análise, o vídeo publicado por Nikolas teve 108% mais impacto nos grupos de mensagens nos dois primeiros dias após sua divulgação, quando comparado ao conteúdo similar sobre o Pix, divulgado por ele em janeiro. O tema também despertou mais atenção do que a internação hospitalar de Bolsonaro e o debate sobre anistia, este último com pouca mobilização nos grupos, inclusive entre apoiadores do ex-presidente.

Entenda a fraude do INSS

A investigação que gerou ampla repercussão foi desencadeada por uma megaoperação conjunta da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), realizada no fim de abril. O foco da apuração era um esquema nacional de descontos associativos não autorizados aplicados sobre benefícios previdenciários pagos pelo INSS. Os indícios apontam que aposentados e pensionistas tiveram valores descontados como se fossem filiados a associações de classe, sem nunca terem autorizado ou sequer solicitado o vínculo.

A operação levou ao afastamento do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, por decisão judicial, posteriormente seguido por sua exoneração pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os investigadores estimam que os descontos somaram R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, embora ainda não esteja claro o montante exato que foi cobrado ilegalmente.

Como resposta imediata, o governo federal suspendeu todos os acordos de desconto em folha com entidades associativas e determinou a reavaliação dos convênios com essas instituições, visando impedir novas fraudes e garantir o ressarcimento dos valores indevidamente cobrados.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/fraude-do-inss-tem-repercussao-mais-de-duas-vezes-maior-que-a-crise-do-pix-em-grupos-de-mensagens-revela-pesquisa/