23 de outubro de 2025
Galípolo diz que BC está 'incomodado' com inflação fora da
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O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quinta-feira (23), em Jacarta, que a instituição está “bastante incomodada” com o fato de a inflação e as expectativas permanecerem acima da meta oficial. Apesar de reconhecer o avanço no processo de desinflação, ele disse que será necessário manter a taxa básica de juros elevada por um período prolongado para garantir a convergência dos preços.

“A inflação e expectativas seguem fora do que é a meta, isso é um ponto de bastante incômodo para o Banco Central, mas estamos falando de uma inflação que está num processo de redução e retorno para a meta em função de um Banco Central que vem se mostrando sempre bastante diligente e tempestivo no combate a qualquer tipo de processo inflacionário”, declarou Galípolo durante apresentação no Fórum Econômico Indonésia-Brasil.

Inflação em queda, mas ainda distante da meta

A meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. O último boletim Focus, divulgado pelo próprio Banco Central, mostra que o mercado projeta o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 4,7% para 2025, permanecendo acima do objetivo até 2028.

Apesar disso, as expectativas vêm melhorando nos últimos meses. Em maio, os analistas chegaram a prever inflação de 6,09%, mas revisaram sucessivamente as estimativas diante da desaceleração dos preços. Em setembro, o IPCA registrou alta de 0,48%, acumulando 5,17% em 12 meses — o menor nível desde 2020.

Galípolo evitou, no entanto, fazer previsões sobre quando o índice poderá atingir o centro da meta. “O importante é que a inflação está num processo de redução consistente, e o Banco Central continuará atuando para garantir que essa trajetória se consolide”, afirmou.

Juros altos por mais tempo

O presidente do BC também reforçou a política monetária restritiva mantida pela instituição desde o ano passado. Após a decisão recente do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve a Selic em 15%, Galípolo reiterou que o patamar atual de juros deve ser preservado “por um período bastante prolongado” para assegurar a estabilidade de preços.

“A economia brasileira vem passando por um ciclo de crescimento contínuo … e ainda assim com nível de inflação que, apesar de fora da meta, o que demanda o Banco Central permanecer com uma taxa de juros num patamar elevado e restritivo por um período prolongado para que a gente possa produzir essa convergência, mas conseguindo combinar nível baixo de desemprego, crescimento positivo e inflação que está, olhando para níveis históricos, dentro de um patamar baixo”, disse.

Contexto internacional e missão na Indonésia

As declarações foram dadas durante a missão econômica do governo brasileiro na Indonésia, que integra uma série de compromissos na Ásia voltados ao fortalecimento das relações comerciais. Galípolo acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem, que também inclui agendas com empresários e autoridades locais.

No discurso, o chefe do Banco Central destacou que o Brasil vem apresentando resiliência diante das incertezas internacionais e que o controle da inflação é fundamental para a consolidação da confiança dos investidores. A fala reforçou o tom de prudência da política monetária brasileira em meio ao cenário de volatilidade global e pressões inflacionárias externas.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/galipolo-diz-que-bc-esta-incomodado-com-inflacao-fora-da-meta-e-defende-juros-altos-por-mais-tempo/