O presidente do Banco Central do Brasil (BC), Gabriel Galípolo, reforçou nesta segunda-feira (1º), em evento em São Paulo, que não há qualquer indício recente capaz de alterar a orientação de manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano — o patamar mais alto dos últimos 19 anos. “Não há qualquer tipo de adição ou modulação em relação à minha última fala na quinta-feira”, disse ele.
Galípolo havia afirmado, na semana passada, que a política monetária seguirá restritiva “pelo tempo que for necessário” para domar a inflação, classificando a Selic elevada como fruto de uma “questão estrutural” do país, e não de um ciclo temporário.
Boletim Focus estima queda de inflação
Segundo o presidente do BC, apesar de a economia dar sinais de desaquecimento, o ritmo lento dessa desaceleração — aliado à fragilidade estrutural — exige cautela. “Não vejo nenhum dado que surgiu neste ciclo que promova qualquer mudança de direção. É um processo que vamos seguir dependente de dados”, afirmou.
A decisão de manter a Selic em 15% ocorre num contexto em que o mercado monitora de perto os dados de inflação e emprego. Apesar de recentes revisões no relatório Focus indicarem leve queda nas estimativas de inflação para 2025 e 2026 — de 4,45% para 4,43%, e de 4,18% para 4,17%, respectivamente — esses ajustes não foram suficientes para convencer o BC a mudar de curso.
Governo pressiona por redução de taxas
A controvérsia sobre a manutenção de juros elevados não se limita ao campo técnico: o governo e parte do próprio alinhamento político cobram cortes mais rápidos. Contudo, para Galípolo, a autoridade monetária deve se manter firme e “não se emocionar” diante das pressões. “Se o BC fizer um bom trabalho, ele geralmente vai ser criticado pelos dois extremos”, disse há poucos dias.
Para ele, a decisão não é política, mas técnica e orientada por dados: o BC tem meta explícita de inflação (3%) e a Selic — segundo Galípolo — segue sendo a principal ferramenta para garantir que essa meta seja atingida.
Essa postura indica que, pelo menos no curto prazo, a perspectiva de corte dos juros permanece remota, independentemente de sinais de desaceleração da inflação ou de pressões para estimular a economia.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/galipolo-mantem-cenario-de-juros-altos-e-descarta-corte-da-selic/
