21 de junho de 2025
Gleisi critica nova alta da Selic e diz que decisão
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A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, criticou nesta quinta-feira (19) a decisão do Banco Central de elevar novamente a taxa básica de juros. Na véspera, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou o aumento da Selic de 14,75% para 15% ao ano — o maior patamar desde julho de 2006.

Por meio de publicação no X (antigo Twitter), Gleisi expressou desconforto com a decisão da autoridade monetária.

“No momento em que o país combina desaceleração da inflação e déficit primário zero, crescimento da economia e investimentos internacionais que refletem confiança, é incompreensível que o Copom aumente ainda mais a taxa básica de juros. O Brasil espera que este seja de fato o fim do ciclo dos juros estratosféricos”, afirmou a ministra.

A fala marca uma mudança de tom em relação a declarações anteriores da própria Gleisi sobre a condução da política monetária. Em maio, após o último aumento da taxa, a ministra do governo Lula atribuiu a medida ao que chamou de “herança maldita” deixada por Roberto Campos Neto, então presidente do Banco Central.

Na ocasião, ela disse esperar uma “avaliação diferente” da instituição na reunião seguinte — o que não se confirmou com o novo reajuste anunciado nesta semana.

Apesar da alta, o comunicado divulgado pelo Copom nesta quarta-feira indicou que o atual ciclo de elevação da Selic deve ser interrompido na próxima reunião, marcada para julho. Segundo o texto, embora o cenário de inflação ainda demande cautela, não há expectativa de novos aumentos no curto prazo. Também não se projeta, por ora, uma queda da taxa básica.

Desde o início do governo Luiz Inácio Lula da Silva, as críticas públicas de integrantes do Executivo ao Banco Central se intensificaram, principalmente por conta do nível elevado dos juros, considerado um obstáculo ao crescimento. A tensão era mais acentuada durante a gestão de Campos Neto, visto no Planalto como próximo ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

A relação entre o Executivo e a autoridade monetária, no entanto, começou a melhorar após a nomeação de Gabriel Galípolo — ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda — como presidente do Banco Central. A expectativa era de que, com Galípolo no comando, houvesse maior alinhamento entre a política monetária e a estratégia econômica do governo federal.

Ainda assim, a decisão de manter a trajetória de alta da Selic reaqueceu o debate dentro do governo e entre economistas sobre os limites da autonomia do Banco Central e os impactos da política de juros sobre o desempenho econômico do país.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/gleisi-critica-nova-alta-da-selic-e-diz-que-decisao-do-bc-e-incompreensivel/