
O governo Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar na próxima sexta-feira um novo modelo de crédito imobiliário com recursos da poupança, desenvolvido em parceria entre o Banco Central, o Ministério da Fazenda, o Ministério das Cidades e a Caixa Econômica Federal. O Palácio do Planalto decidiu que os testes da nova dinâmica começarão a valer imediatamente, com potencial de injetar ao menos R$ 20 bilhões na economia às vésperas das eleições.
Como vai funcionar o modelo
A proposta do Banco Central muda a forma de direcionamento dos recursos da poupança para o crédito imobiliário. A cada real de financiamento habitacional concedido, o banco poderá liberar o mesmo valor da poupança para uso livre por até cinco anos. Após esse período, a instituição precisará conceder novo crédito para renovar a permissão. Segundo técnicos, a medida deve ampliar a oferta de financiamento imobiliário com juros menores, já que os bancos poderão compensar os ganhos em operações mais rentáveis.
Liberação imediata e impacto esperado
A mudança depende apenas da aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN) e de uma resolução do Banco Central. Uma reunião extraordinária do CMN está prevista para esta semana. No período de teste, que vai até o fim de 2026, cinco pontos percentuais do depósito compulsório poderão ser usados na nova sistemática, reduzindo o recolhimento dos bancos de 20% para 15%. O impacto imediato estimado é de até R$ 37,5 bilhões em crédito adicional, dependendo da adesão das instituições.
Bancos devem aderir, mas BC tenta conter estímulo
A Caixa, principal operadora do crédito habitacional, deve aderir ao modelo, já que tem todos os recursos direcionados comprometidos. A medida, no entanto, vai na contramão dos esforços do Banco Central de conter a atividade econômica e controlar a inflação, embora o efeito seja considerado limitado, pois a liberação está atrelada à concessão anterior de crédito imobiliário.
Detalhes da aplicação dos recursos
Do total liberado, 80% deverá ser aplicado no Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que financia imóveis de até R$ 1,5 milhão e tem juros limitados a 12% mais a Taxa Referencial (TR). O restante poderá ser destinado ao Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), sem teto de juros. A nova sistemática busca corrigir um problema estrutural do mercado, já que os depósitos na poupança vêm diminuindo à medida que os investidores buscam aplicações mais rentáveis.
Expectativas para o futuro
De acordo com estimativas de técnicos do governo, quando o modelo estiver plenamente implementado em 2027, a exigência de aplicação dos bancos em crédito imobiliário poderá saltar de R$ 90 bilhões para R$ 200 bilhões em dois anos. O ministro das Cidades, Jader Filho, confirmou que o anúncio será feito pelo presidente Lula e destacou que a iniciativa visa fortalecer o financiamento habitacional no país.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/governo-aposta-em-novo-credito-imobiliario-da-poupanca-para-impulsionar-economia/