Na semana passada, Brasil e Cuba deram mais um passo em direção à busca de soluções para o pagamento da dívida cubana com o governo brasileiro. Segundo o Globo, estima-se que o valor total dos débitos vencidos e a vencer seja de US$ 1,1 bilhão, equivalente a cerca de R$ 5,5 bilhões.
Entre quarta e sexta-feira, uma equipe técnica dos ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, junto com representantes do BNDES, se reuniu com autoridades cubanas para discutir o tema. Essa foi a primeira reunião formal entre os dois governos sobre a questão.
Segundo o embaixador do Brasil em Havana, Christian Vargas, o encontro teve como objetivo principal a conciliação de valores entre as duas partes.
“Esta é uma etapa necessária para que, em um segundo momento, possamos avançar na discussão sobre como retomar os pagamentos”, explicou o embaixador.
Ainda não foi iniciada uma fase de negociação propriamente dita. O foco atual é garantir que ambas as partes concordem com os valores em questão, o que abrirá espaço para futuras conversas sobre o pagamento.
A maior parte da dívida cubana tem origem em financiamentos concedidos pelo BNDES para a exportação de serviços de empresas brasileiras, como no caso do Porto de Mariel, a cerca de 40 km de Havana.
Durante uma visita a Cuba em setembro do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi informado de que, embora o governo cubano tenha a intenção de quitar a dívida, as sanções impostas pelos Estados Unidos à ilha complicam essa tarefa, mergulhando o país em uma grave crise econômica. Diante disso, ambos os países estão em busca de uma solução negociada.
Enquanto Cuba se mobiliza para resolver a questão e, eventualmente, restabelecer linhas de crédito com o Brasil, a situação da Venezuela parece seguir por outro caminho. Conforme noticiado pelo O GLOBO, a renegociação da dívida venezuelana, estimada em cerca de US$ 1,5 bilhão (ou R$ 8,5 bilhões), deixou de ser prioridade para o governo brasileiro.
A “boa vontade” do Ministério da Fazenda em relação à Venezuela diminuiu, especialmente após a polêmica reeleição de Nicolás Maduro como presidente em julho. Com isso, a Venezuela, que também enfrenta uma grave crise econômica e é alvo de sanções dos EUA, não deverá ter acesso a novos financiamentos do BNDES ou outras fontes brasileiras para suas importações no futuro próximo. O débito venezuelano com o Brasil está, em grande parte, relacionado a projetos de infraestrutura, como o metrô de Caracas.
Fonte: https://www.ocafezinho.com/2024/09/24/governo-brasileiro-e-cuba-buscam-solucao-para-divida-de-r-55-bi/