O Ministério do Planejamento e Orçamento confirmou nesta quarta-feira que o salário mínimo será de R$ 1.621 em 2026. O novo valor representa um aumento de R$ 103 sobre os atuais R$ 1.518 e passa a valer em janeiro, impactando o pagamento recebido pelos trabalhadores em fevereiro.
A definição segue a fórmula aprovada pelo governo para revisões anuais: correção pela inflação medida pelo INPC acumulado em 12 meses até novembro, somada ao crescimento real do PIB de dois anos antes. No caso de 2026, o índice de referência é o PIB de 2024, que cresceu 3,4%.
Entretanto, uma lei aprovada no fim do ano passado estabeleceu que, mesmo quando o PIB for maior, o aumento real do salário mínimo não poderá superar 2,5%, por causa do limite previsto no arcabouço fiscal. Assim, para o cálculo do novo valor, aplicaram-se a inflação de 4,4% registrada pelo IBGE e os 2,5% de crescimento real permitidos.
Piso salarial influencia renda de quase 60 milhões de pessoas
O salário mínimo é referência direta ou indireta para 59,9 milhões de brasileiros, segundo nota técnica do Dieese publicada em janeiro deste ano. Esse grupo inclui trabalhadores que recebem o piso, aposentados, pensionistas e beneficiários de programas como o BPC, além de categorias cujos acordos coletivos utilizam o mínimo como base.
O impacto do aumento vai além da conta individual: ao subir, o piso eleva o salário médio, amplia o poder de compra de famílias de baixa renda e movimenta setores sensíveis ao consumo popular.
Reajuste pressiona gastos públicos e desafia equilíbrio fiscal
A elevação do salário mínimo tem efeito imediato sobre as contas da União, uma vez que nenhum benefício previdenciário pode ser inferior ao piso nacional. Programas como seguro-desemprego e abono salarial também são diretamente afetados.
De acordo com cálculos do governo federal, cada R$ 1 acrescido ao salário mínimo gera uma despesa de aproximadamente R$ 420 milhões no ano seguinte. Assim, o aumento de R$ 103 para 2026 deve acrescentar cerca de R$ 43,2 bilhões às despesas obrigatórias.
Com gastos crescentes em rubricas que o governo não pode reduzir, sobra menos espaço no orçamento para políticas públicas consideradas discricionárias, como investimentos e programas sociais que dependem de dotação anual. Esse aperto é um dos principais desafios mencionados por economistas que defendem mudanças nas regras de indexação, como desvincular o piso dos benefícios previdenciários — modelo que vigorou durante o governo Jair Bolsonaro e que previa apenas correção pela inflação.
Distância entre salário mínimo atual e padrão ideal
O Dieese também calcula, mensalmente, o chamado salário mínimo necessário, estimando quanto deveria ganhar um trabalhador para garantir as despesas básicas de uma família de quatro pessoas. Em novembro deste ano, o valor estimado foi de R$ 7.067,18, o equivalente a 4,66 vezes o salário mínimo vigente de R$ 1.518.
O cálculo é baseado na previsão constitucional que determina que o piso deve ser suficiente para cobrir gastos essenciais, como alimentação, moradia, saúde, educação, transporte, vestuário, higiene, lazer e previdência. A distância entre o valor atual e o considerado ideal evidencia o desafio histórico do país em conciliar crescimento econômico, equilíbrio fiscal e políticas de renda.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/governo-confirma-salario-minimo-de-r-1-621-em-2026/
