
Com a entrada em vigor nesta terça-feira (6) da sobretaxa de até 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, a equipe econômica do governo Lula (PT) corre contra o tempo para minimizar os danos à economia nacional. Segundo informa Letícia Casado em sua coluna no portal UOL, o Palácio do Planalto trabalha com seis frentes de atuação, que vão desde a tentativa de negociação direta com os EUA até o estímulo ao consumo interno e apoio financeiro a setores prejudicados.
Apesar de o Brasil ainda não ter estabelecido um canal formal de diálogo com Washington, o governo acredita que o início da vigência da tarifa abre espaço para que as conversas ganhem tração. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve conversar nos próximos dias com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, por telefone ou videoconferência.
Até o momento, cerca de 700 isenções foram concedidas a produtos brasileiros, mas todas foram resultado da articulação de empresários diretamente com o governo estadunidense. Segundo o Planalto, nenhuma delas decorre de negociações entre os dois países.
Seis caminhos para tentar reduzir os danos
A estratégia em discussão envolve uma combinação de medidas emergenciais e de médio prazo. As principais alternativas consideradas pela equipe do presidente Lula são:
- Negociar diretamente com o governo dos Estados Unidos para excluir itens da lista e reduzir as tarifas aplicadas a outros;
- Buscar novos mercados internacionais para absorver os produtos afetados;
- Fortalecer o mercado interno para compensar parte da perda com exportações;
- Oferecer crédito com juros subsidiados a setores atingidos;
- Adotar compras governamentais, como a aquisição de alimentos, para manter a produção ativa;
- Criar programas temporários de renúncia fiscal, com prazos e objetivos delimitados.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, tem liderado as articulações com representantes dos setores impactados. O foco inicial do governo são as indústrias que produzem sob demanda para o mercado estadunidense e que, sem alternativas imediatas, correm o risco de fechar as portas.
Alternativas produtivas e cautela com incentivos
Entre as ideias analisadas está a revisão de regras nacionais que podem permitir a inserção de mais matéria-prima natural em determinados produtos industrializados. Um exemplo citado internamente é a reformulação de bebidas à base de frutas: ao incluir mais polpa natural e menos corantes, parte da produção nacional poderia ser incorporada por grandes empresas.
O governo ainda não concluiu o desenho final de todas as medidas, e o impacto financeiro das propostas está em fase de cálculo. A intenção é evitar que eventuais benefícios se tornem permanentes, como ocorreu com o Perse — programa criado para socorrer o setor de eventos durante a pandemia, mas que segue gerando gastos com renúncias fiscais.
Segundo integrantes da equipe econômica, qualquer resposta precisa ser cuidadosamente calibrada, uma vez que a decisão dos Estados Unidos de aplicar a tarifa foi tomada de forma unilateral. O Planalto também não descarta recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar a medida e buscar uma solução em instâncias multilaterais.
Enquanto isso, empresários em todo o país aguardam um posicionamento firme do governo para mitigar os prejuízos e oferecer previsibilidade a seus negócios. As próximas semanas serão decisivas para definir os rumos da reação brasileira ao tarifaço dos EUA.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/governo-lula-avalia-seis-medidas-para-conter-impacto-da-tarifa-de-trump-que-entra-em-vigor-nesta-quarta-saiba-quais/