Entre fevereiro e abril, a variação acumulada em doze meses do IPCA manteve uma trajetória de queda, principalmente devido à desaceleração acentuada nos preços de itens monitorados. A inflação medida pelo IPCA caiu de 4,50% em fevereiro para 3,69% em abril, impulsionada pela redução nos preços monitorados, que passaram de 8,60% para 6,26%. Durante esse período, a inflação da gasolina diminuiu, refletindo a saída dos efeitos da reoneração tributária. Emplacamento, licenciamento de veículos e energia elétrica também tiveram reajustes menores no acumulado de doze meses até abril, contribuindo significativamente para a desinflação de itens monitorados.
A inflação de serviços e bens industriais também registrou uma queda relevante. Para os serviços, a variação acumulada em doze meses caiu de 5,25% em fevereiro para 4,60% em abril, motivada pela redução na inflação das passagens aéreas, que passou de 23,62% para -6,86%, e pela desaceleração nos preços dos serviços de comunicação. A inflação de serviços subjacentes também diminuiu, de 4,89% para 4,74%, influenciada pela menor aceleração nos preços de conserto de automóveis e alimentação fora do domicílio, destacando-se refeições e lanches. Serviços subjacentes intensivos em trabalho também seguiram em ritmo de desaceleração em doze meses.
Para os bens industriais, a inflação recuou de 0,94% em fevereiro para 0,37% em abril, com destaque para a redução no ritmo de aumento dos preços de vestuário e higiene pessoal. A inflação de bens industriais subjacentes caiu ainda mais expressivamente, de 2,08% para 1,33% no mesmo período.
No caso da alimentação no domicílio, a inflação acumulada em doze meses apresentou um leve aumento. De fevereiro a abril, a variação acumulada dos preços de alimentação subiu de 1,77% para 2,59%, principalmente devido à maior inflação de produtos in natura, como tubérculos, hortaliças e frutas. Em contrapartida, houve desaceleração nos preços de arroz e feijão, e a deflação de carnes e de leite e derivados se acentuou.
Até o final de 2024, espera-se que o processo de desinflação dos preços monitorados e dos serviços continue. A inflação acumulada em doze meses dos preços monitorados deve diminuir, refletindo menores reajustes esperados para tarifas de planos de saúde, esgoto, energia elétrica e jogos de azar. Sem novos reajustes devido a fatores externos, os preços da gasolina também devem seguir desacelerando no acumulado de doze meses, continuando a repercutir a saída dos efeitos da reoneração tributária.
Para os preços livres, a expectativa é de uma modesta aceleração até o final do ano, devido às altas esperadas nos preços de alimentos e bens industriais no acumulado de doze meses. Com base nesse cenário, a projeção para o IPCA de 2024 foi revisada de 3,50% no Boletim de março para 3,70%. Essa estimativa já considera os impactos de um câmbio levemente mais depreciado e os efeitos iniciais das chuvas no Rio Grande do Sul nos preços de alimentos, especialmente arroz, produtos in natura, frangos e carnes. Embora a inflação de maio e junho deva acelerar devido à calamidade, o efeito nos preços tende a ser majoritariamente temporário, em grande medida compensado após a normalização da oferta desses alimentos. Assim, embora de forma não-linear, a desinflação deverá continuar, sendo mais evidente nas medidas subjacentes, menos afetadas por eventos climáticos e pela volatilidade cambial e nos preços de commodities.
Para 2024, a expectativa é que a média dos núcleos de inflação fique em torno de 3,40%, comparado a 4,34% em 2023. Para os anos seguintes, a inflação deve se manter próxima da meta de 3,00%.
Para o INPC, a variação acumulada em doze meses deve ser de 3,50% em 2024, ligeiramente superior à projeção do último Boletim. Assim como em 2023, espera-se que a inflação para as classes de renda mais baixas seja menor em comparação ao IPCA.
A previsão para a inflação medida pelo IGP-DI de 2024 permaneceu estável em 3,50%. O índice de preços surpreendeu para baixo em março, mas avançou significativamente em abril, passando de uma queda de -2,32% para uma alta de 0,79% no acumulado de doze meses. Esse aumento refletiu o avanço nos preços da soja, a menor deflação do milho e o aumento da inflação de minério de ferro e de alimentos industriais (carnes e óleos). Até o final do ano, espera-se que os preços no atacado se mantenham elevados em resposta à dinâmica dos preços de commodities e ao câmbio levemente mais depreciado. Além disso, o impacto das chuvas no Rio Grande do Sul nos preços do atacado deverá ser mais pronunciado do que nos preços ao consumidor, devido à colheita parcial de algumas culturas, como a soja, e à perda de parte das estruturas de produção.
Fonte: https://www.ocafezinho.com/2024/05/17/governo-preve-inflacao-de-37-em-2024-apos-chuvas-no-sul/