O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou nesta terça-feira (27) a convicção de que o Brasil tem plenas condições de registrar crescimento em patamares semelhantes ou superiores à média global. “Não vejo razão para crescermos menos do que a média mundial. Penso que precisamos ter uma certa obsessão em transformar a média de crescimento mundial no piso de crescimento da economia brasileira”, afirmou, a participar de painel que concluiu as atividades do primeiro dia do evento “25ª Conferência Santander”, que está sendo realizado em São Paulo.
Haddad argumentou que almejar tamanho patamar de crescimento é plenamente justificável, ao citar a convergência de fatores positivos da atual fase da economia nacional. O ministro indicou elementos como a retomada do equilíbrio das contas públicas, os diferenciais competitivos brasileiros, a boa inserção do país nos mercados internacionais e o bom posicionamento geopolítico diante do atual panorama global.
“O Brasil tem um enorme potencial. A transição verde nos favorece, as questões geopolíticas nos favorecem. O país tem boas relações com o mundo inteiro: Estados Unidos, Europa, China, demais países”, afirmou. Diante de questionamentos da moderadora do debate, a economista-chefe do Santander Brasil, Ana Paula Vescovi, lembrou dos esforços empreendidos desde dezembro de 2022 focados na recuperação da saúde das contas públicas, com o reequilíbrio fiscal, recomposição da base de arrecadação e superação do “calote” dos precatórios.
O titular da Fazenda mencionou, ainda, a importância da aprovação do Novo Arcabouço Fiscal e da primeira etapa da Reforma Tributária, incidente sobre o consumo, como medidas exitosas que solidificam a expectativa de que o país tem potencial para crescer muito mais, de forma sustentável.
Meta
O ministro discorreu também sobre a meta de resultado primário estipulada pelo chamado arcabouço fiscal. “Se tudo correr como previsto no Senado, isso vai nos permitir cumprir a meta de 2024”, disse. Nesse contexto, o principal elemento é a construção de solução que compensará perda de arrecadação provocada pela prorrogação da desoneração da folha de pagamentos sobre o caixa deste ano, que veio de decisão tomada pelos parlamentares no final do ano passado.
Pelo lado do Executivo, as medidas necessárias para garantir o cumprimento das metas fiscais estão sendo adotadas, destacou o ministro, ao citar a recente contenção total de despesa de R$ 15 bilhões e o processo de análise e revisão de gastos públicos.
“Desde 2015 estamos com déficits primários bastante elevados”, disse Haddad, ao apontar a urgência de substituir essa situação por um cenário conduzido por uma agenda de desenvolvimento com taxas de juro moderadas, sustentabilidade fiscal e um conjunto de reformas que já estão sendo empreendidas. Dessa forma, apontou, será possível “dar um horizonte de longo prazo para os investidores, trabalhadores e cidadãos, de uma maneira geral”.
Otimismo
Sobre os indicadores econômicos, o ministro ressaltou, inclusive, que o otimismo não reflete somente o ponto de vista de governo, mas já está sendo incorporado pelo mercado. “Alguns bancos estão projetando mais de 3% de crescimento, já para este ano”, disse, antecipando que a estimativa oficial também está prestes a ser revisada, para melhor. “Nós deveremos fazer uma revisão do crescimento projetado pela Secretaria de Política Econômica que, neste momento, está em 2,5%”, disse.
Entre outros indicadores positivos que comprovam a retomada da economia, Haddad citou os recordes na geração de emprego, conforme apurado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), e a inflação sob controle. “O emprego está vindo e a inflação está cedendo. Isso é muito importante registrar”, pontuou.
De acordo com o Novo Caged, o emprego com carteira assinada apresentou expansão em junho de 2024, registrando novos 201.705 postos de trabalho no mês. Entre julho de 2023 e junho deste ano, o saldo positivo alcançou 1.727.733 novos empregos celetistas. Já a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em julho foi de 0,38% no mês, conforme aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Haddad ressaltou, entretanto, que o país ainda enfrenta uma série de desafios a serem superados e que confia no apoio do Congresso e do Poder Judiciário. “Sou uma pessoa muito otimista com o Brasil; penso que podemos entrar em um ciclo de crescimento sustentável se nós continuarmos fazendo aquilo que precisa ser feito”, disse. Ao citar o trabalho harmônico entre os Poderes, o ministro da Fazenda reforçou a determinação em acabar com o ciclo de déficits fiscais.
Com informações do Ministério da Fazenda
Fonte: https://www.ocafezinho.com/2024/08/28/haddad-deficit-zero-em-2024-depende-de-compensacao-da-desoneracao/