
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (31) que deve se reunir em breve com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, para discutir o tarifaço de 50% imposto por Washington sobre produtos brasileiros. A medida foi formalizada por meio de ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump na quarta-feira (30) e tem previsão para entrar em vigor dentro de sete dias.
Segundo Haddad, o governo brasileiro vai explorar todas as vias possíveis para tentar reverter os impactos da sobretaxa. “A assessoria do secretário Bessent fez contato conosco ontem e que finalmente vai marcar a segunda conversa […] haverá agora uma rodada de negociações, e vamos levar às autoridades americanas o nosso ponto de vista, e obviamente vamos recorrer às instâncias devidas, tanto nos EUA quanto organismos internacionais”, afirmou o ministro, ao falar com jornalistas na entrada do Ministério da Fazenda.
Haddad destacou que a decisão da Casa Branca levou em conta algumas considerações brasileiras, mas ainda está longe de ser aceitável. “Estamos em um ponto de partida mais tabulado do que se imaginava, mas longe do ponto de chegada, há muita injustiça nas medidas que foram anunciadas ontem, há correções a serem feitas, há setores afetados que não precisariam estar sendo afetados, nenhum à rigor, mas há casos que são dramáticos e deveriam ser considerados imediatamente”, declarou.
Tarifaço e exceções
A ordem executiva de Trump determina a aplicação de uma alíquota de 50% sobre centenas de produtos de origem brasileira, atingindo setores-chave da indústria nacional e do agronegócio. A medida provocou reação imediata do governo Lula, que considera a sobretaxa injustificada e prejudicial às relações comerciais entre os dois países.
Ao mesmo tempo, o governo dos EUA divulgou uma lista de cerca de 700 itens que ficarão isentos das novas tarifas. Entre os produtos excluídos do tarifaço estão petróleo, suco de laranja e aviões — bens considerados estratégicos para a economia estadunidense. No entanto, itens de grande relevância para as exportações brasileiras, como a carne bovina, ficaram de fora das exceções, o que acendeu o alerta no setor produtivo nacional.
Possível viagem a Washington
Haddad também mencionou a possibilidade de uma missão diplomática a Washington nas próximas semanas, liderada por ele e pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que também comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. “Caso haja uma agenda estruturada” com autoridades americanas, os dois devem viajar aos Estados Unidos para tentar construir alternativas que mitiguem os efeitos da medida sobre a economia brasileira.
A ideia, segundo o ministro, é apresentar evidências do impacto das tarifas sobre setores altamente dependentes do mercado estadunidense e propor soluções bilaterais com responsabilidade fiscal e sensibilidade econômica.
A medida de Trump ocorre em meio ao agravamento das tensões diplomáticas entre os dois países, intensificadas também pela recente sanção imposta ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, com base na Lei Magnitsky. O contexto pressiona o governo brasileiro a intensificar sua articulação internacional para conter os danos políticos e econômicos gerados pela nova postura da Casa Branca.
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Fonte: https://agendadopoder.com.br/haddad-deve-ser-reunir-com-secretario-do-tesouro-dos-eua-e-cobra-correcao-de-injusticas-contra-exportacoes-brasileiras/