
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (1º) que o plano de contingência elaborado pelo governo brasileiro para enfrentar o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos às exportações do Brasil está em fase final de ajustes. Segundo ele, o pacote de medidas será apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nos próximos dias, e tem como objetivo minimizar os efeitos econômicos da decisão do governo Donald Trump.
Haddad descartou qualquer tipo de retaliação por parte do Brasil. “Entendemos que há canais em que o Brasil pode defender seus interesses. Sobre retaliação, o governo nunca usou esse verbo”, declarou o ministro, em conversa com jornalistas na entrada do Ministério da Fazenda, em Brasília.
O ministro explicou que a equipe econômica está trabalhando em conjunto com sindicatos de trabalhadores, entidades empresariais e a Casa Civil para calibrar os números da proposta. “As medidas são mais ou menos conhecidas. O que nós estamos [fazendo] é calibrando junto com os sindicatos dos trabalhadores, sindicatos patronais, junto à Casa Civil, estamos calibrando os números”, afirmou.
Tarifaço oficializado por Trump
Na última quarta-feira (31), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva oficializando a nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A alíquota é composta por uma taxa de 10% anunciada em abril e por um adicional de 40%, anunciado no início de julho e agora incorporado ao decreto presidencial.
Apesar do impacto generalizado, cerca de 700 produtos foram isentos da sobretaxa de 40%, permanecendo apenas sob a alíquota de 10%. Entre os itens preservados da taxação mais pesada estão suco de laranja, aeronaves, castanhas, petróleo e minérios de ferro. A nova tarifa deve entrar em vigor no início de agosto.
O governo brasileiro está calculando o volume de recursos necessários para apoiar empresas mais afetadas. “Algumas não vão reivindicar uma ajuda adicional porque têm condições de redirecionar a sua produção”, pontuou Haddad. O ministro destacou que algumas empresas poderão ser socorridas financeiramente em caráter emergencial, enquanto outras já estão adaptando sua logística e estratégia de exportação.
Medidas serão apresentadas a Lula na próxima semana
O plano que será apresentado ao presidente Lula inclui propostas já elaboradas pelos ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, voltadas à proteção da indústria e da agricultura nacionais. “A partir da semana que vem, já vamos poder, a julgar pela decisão do presidente, tomar as primeiras medidas de proteção da indústria e da agricultura nacionais e vamos continuar prosperando pelo Itamaraty para atenuar esses efeitos”, declarou.
Além das ações internas, o governo também pretende recorrer a instâncias internacionais e manter o diálogo com autoridades estadunidenses. Haddad anunciou que pretende se reunir com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, para tratar diretamente do tema.
“Vamos recorrer nas instâncias devidas, tanto nos Estados Unidos quanto nos organismos internacionais. Vamos recorrer dessas decisões no sentido de sensibilizar que isso [tarifaço] não interessa”, afirmou.
A medida adotada por Trump foi publicada no site oficial da Casa Branca, que menciona como justificativa uma suposta perseguição judicial ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O gesto acentuou as tensões diplomáticas entre os dois países e foi interpretado no Brasil como uma tentativa de interferência no processo judicial conduzido pelo Supremo Tribunal Federal.
Agora, o governo Lula tenta articular uma resposta técnica e diplomática que preserve a relação bilateral com os Estados Unidos, sem abrir mão da defesa dos interesses econômicos e da soberania brasileira.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/haddad-diz-que-plano-contra-tarifaco-dos-eua-esta-pronto-e-nega-retaliacao/