
A economia brasileira voltou a crescer em agosto, após três meses seguidos de retração. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), registrou alta de 0,4% em relação a julho, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (16) pela instituição.
Com o avanço, o índice atingiu 108,7 pontos na série dessazonalizada, que elimina influências sazonais, e interrompeu a trajetória de desaceleração observada desde maio. Apesar do resultado positivo, o crescimento ficou abaixo das projeções de mercado, que estimavam uma expansão de 0,7%.
Ainda assim, o desempenho aproxima o indicador de seu pico histórico, registrado em abril, quando chegou a 110,2 pontos.
Agropecuária lidera retomada
O resultado foi impulsionado principalmente pelo setor agropecuário, que apresentou crescimento de 3,9% em julho — o maior avanço entre os segmentos produtivos. No acumulado do ano, a agropecuária soma alta de 14,1%, sustentada por boas safras e exportações aquecidas de soja, milho e carnes.
O setor de serviços também mostrou desempenho positivo, com expansão de 0,6% em agosto. No ano, o segmento acumula crescimento de 2%, refletindo a recuperação gradual do consumo e o aumento das atividades ligadas ao turismo, transporte e tecnologia.
Indústria mantém tendência de enfraquecimento
Na direção oposta, a indústria voltou a apresentar retração, com queda de 0,8% em agosto. Apesar de manter crescimento acumulado de 1,7% em 2025, o setor mostra sinais de desaceleração: em 12 meses, a alta é de apenas 2,1%.
Economistas atribuem a perda de ritmo ao impacto dos juros altos sobre o crédito e o investimento. “A indústria é o setor mais sensível às condições financeiras. O custo elevado do crédito afeta tanto as empresas quanto os consumidores”, explica um analista do mercado financeiro.
A taxa básica de juros (Selic), atualmente em 15% ao ano, é a mais alta desde 2006. O Banco Central mantém a política monetária apertada como forma de conter a inflação, desestimulando o consumo e o endividamento.
Desempenho trimestral e acumulado
No trimestre encerrado em agosto, o IBC-Br cresceu 0,9%, revertendo as quedas anteriores e indicando retomada moderada da atividade econômica. No acumulado do ano, o índice registra alta de 2,6%.
Na comparação com agosto de 2024, o avanço foi de apenas 0,1%. Já no acumulado dos últimos 12 meses, a variação positiva é de 3,2%, o que confirma que a economia segue em expansão, ainda que em ritmo mais lento.
O que é o IBC-Br
O IBC-Br é um indicador calculado pelo Banco Central para acompanhar o nível de atividade econômica do país. A metodologia utiliza dados de setores como indústria, serviços e agropecuária, de forma semelhante à usada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para medir o PIB.
Por ser divulgado mensalmente, o índice é conhecido como uma “prévia do PIB” e serve como referência para o mercado financeiro avaliar o andamento da economia antes da publicação oficial dos resultados trimestrais pelo IBGE.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/ibc-br-previa-do-pib-cresce-04-apos-3-meses-de-queda-puxada-pelo-agro-e-servicos/