29 de dezembro de 2025
IGP-M fica estável em dezembro e acumula deflação de 1,05%
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O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) registrou variação negativa de 0,01% em dezembro e encerrou o ano com queda acumulada de 1,05%, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (29) pela Fundação Getulio Vargas. O resultado surpreendeu o mercado financeiro, que projetava alta de 0,15% no mês, conforme pesquisa da Reuters.

O desempenho marca uma inflexão relevante em relação ao ano anterior. Em 2024, o IGP-M havia acumulado alta expressiva de 6,54%, pressionado principalmente por choques de custos no atacado e pela volatilidade de commodities.

Fatores por trás da deflação

Em nota, o economista do FGV Ibre Matheus Dias avaliou que a deflação observada ao longo do ano está relacionada a um cenário internacional mais fraco e a um ambiente de incerteza elevada, que limitaram o repasse de aumentos de custos ao longo da cadeia produtiva.

“Apesar disso, os preços ao consumidor seguiram em alta moderada, com pressões concentradas em serviços e habitação —mas que ao longo do ano convergiram para o intervalo de tolerância da meta”, afirmou.

Segundo o economista, a melhora das safras agrícolas também teve papel relevante ao aliviar os preços das matérias-primas, contribuindo para a queda dos índices no atacado e para o arrefecimento do IGP-M como um todo.

Atacado puxa resultado para baixo

O principal fator de influência no resultado mensal foi o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), responsável por 60% do IGP-M e que mede a variação de preços no atacado. Em dezembro, o IPA recuou 0,12%, após ter avançado 0,27% em novembro. No acumulado de 12 meses, o índice registrou queda de 3,35%.

A retração reflete, sobretudo, a acomodação dos preços de produtos agropecuários e industriais, em linha com o cenário de menor demanda global e maior oferta em alguns segmentos.

Consumidor e construção mantêm pressão

Na ponta do consumo, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que tem peso de 30% no índice geral, subiu 0,24% em dezembro, levemente abaixo da alta de 0,25% observada em novembro. No acumulado do ano, o IPC avançou 4,08%, indicando que a inflação ao consumidor permaneceu positiva, ainda que em ritmo moderado.

Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) apresentou alta de 0,21% no mês e acumulou avanço de 6,10% no ano. O resultado reflete pressões persistentes sobre mão de obra e insumos do setor, que seguem acima da média geral dos preços.

Relação com a política monetária

O IGP-M acompanha a variação de preços ao produtor, ao consumidor e na construção civil no período compreendido entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência. Embora não seja o índice oficial de inflação do país, ele é amplamente utilizado para reajustes de contratos, como aluguéis e tarifas.

A meta oficial de inflação é definida pelo Banco Central e tem como referência o IPCA, com objetivo central de 3%. Para conter pressões inflacionárias, a autoridade monetária mantém a taxa básica de juros em 15%, o maior nível em quase duas décadas.

Apesar disso, a expectativa predominante no mercado é de que a Selic comece a ser reduzida apenas em 2026, à medida que a inflação se consolide dentro da meta e o cenário econômico permita uma flexibilização gradual da política monetária.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/igp-m-fica-estavel-em-dezembro-e-acumula-deflacao-de-105-em-2025/