
A inadimplência no Brasil voltou a subir em julho e alcançou o maior patamar em quase oito anos, ao mesmo tempo em que o ritmo de crescimento do crédito segue enfraquecido diante dos altos custos dos empréstimos. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (28) pelo Banco Central.
O índice de inadimplência no segmento de recursos livres – operações em que as condições são negociadas livremente entre bancos e clientes, sem regras específicas do governo – chegou a 5,2% em julho, ante 5,0% no mês anterior. É o maior nível desde novembro de 2017 e representa um salto de 1,1 ponto percentual no acumulado de 2024.
Impacto regulatório e aumento estrutural
Parte desse avanço reflete mudanças recentes na metodologia de cálculo, que passaram a mensurar valores mais altos de inadimplência do que os que vinham sendo reportados pelos bancos. Ainda assim, o Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), em ata divulgada pelo BC, chamou atenção para a tendência de deterioração. “Mesmo desconsiderando os efeitos da mudança na dinâmica das baixas para prejuízo, nota-se um aumento dos ativos problemáticos no período mais recente”, afirmou o colegiado.
O enfraquecimento do crédito
As concessões de empréstimos cresceram 1,2% em julho em relação a junho, mas o estoque total de crédito registrou alta modesta, de 0,4%, somando R$ 6,716 trilhões. No acumulado de 12 meses, o crescimento caiu de 10,8% em junho para 10,7% em julho, confirmando sinais de desaceleração.
Segundo o Banco Central, esse arrefecimento era esperado diante das condições financeiras mais restritivas e da moderação da atividade econômica. “Essa desaceleração era esperada e está alinhada às condições financeiras mais restritivas e à moderação do crescimento da atividade econômica”, registrou o Comef.
O cenário é influenciado pela taxa básica de juros Selic, que segue em 15% ao ano, em nível considerado restritivo para conter a inflação e manter a meta de 3%.
Taxas e spreads bancários
Nos financiamentos com recursos livres, houve crescimento tímido de 0,5% nas concessões, enquanto os empréstimos com recursos direcionados – que obedecem a regras definidas pelo governo, como crédito imobiliário e rural – avançaram 7,4% em julho.
A taxa média de juros no crédito livre ficou em 45,4% ao ano, com leve queda de 0,1 ponto percentual em relação ao mês anterior. Já nas operações com recursos direcionados, houve estabilidade, em 11,8% ao ano. O spread bancário recuou de 31,7 para 31,6 pontos percentuais nos recursos livres, mas segue em patamar elevado.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/inadimplencia-no-brasil-atinge-maior-nivel-desde-2017-e-credito-perde-folego/