
O IPCA-15, prévia da inflação oficial, registrou alta de 0,48% em setembro, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (25) pelo IBGE. O índice veio após a deflação de 0,14% em agosto e representa a maior variação para meses de setembro desde 2021, quando alcançou 1,14%.
No acumulado de 12 meses, a inflação medida pelo IPCA-15 voltou a ficar acima de 5%, atingindo 5,32%. Em agosto, estava em 4,95%. O resultado também é o mais elevado desde maio deste ano, quando o indicador marcou 5,40%.
Apesar da aceleração, a taxa de setembro ficou ligeiramente abaixo da mediana das projeções do mercado, que esperava 0,51% segundo levantamento da Bloomberg.
Energia elétrica pressiona
O principal fator de pressão veio do grupo habitação, que subiu 3,31% e contribuiu com 0,50 ponto percentual do índice geral. Dentro dele, a energia elétrica residencial disparou 12,17%, após o fim do bônus concedido pela usina de Itaipu, que havia reduzido as contas em agosto e contribuído para a deflação naquele mês.
No total, cinco dos nove grupos pesquisados tiveram alta em setembro.
Alimentos voltam a aliviar
Em contrapartida, o grupo alimentação e bebidas registrou queda de 0,35%, a quarta consecutiva. Esse movimento impediu uma alta ainda maior da inflação no mês. A alimentação no domicílio caiu 0,63%, após já ter recuado 1,02% em agosto.
Itens básicos tiveram quedas expressivas: tomate (-17,49%), cebola (-8,65%), arroz (-2,91%) e café moído (-1,81%). Do lado das altas, as frutas subiram em média 1,03%.
Sinalização para o IPCA oficial
O IPCA-15 funciona como uma prévia do IPCA, que é divulgado posteriormente e corresponde ao índice oficial de inflação do Brasil. A coleta dos preços para o IPCA-15 é feita entre a segunda metade do mês anterior e a primeira quinzena do mês de referência. No caso de setembro, o levantamento ocorreu de 15 de agosto a 15 de setembro.
O resultado oficial do IPCA de setembro será conhecido em 9 de outubro.
Desafio para a política monetária
As projeções do mercado, segundo o boletim Focus divulgado pelo Banco Central nesta semana, indicam inflação acumulada de 4,83% em 2025. A previsão, apesar de revisões recentes para baixo, continua acima do teto da meta de 4,5%.
Desde este ano, o BC adota o modelo de meta contínua, que considera o alvo descumprido quando o índice fica fora do intervalo de tolerância (de 1,5% a 4,5%) por seis meses consecutivos. O centro da meta é 3%.
O IPCA ultrapassou esse limite pela primeira vez em junho, levando o Banco Central a elevar a Selic para 15% ao ano — patamar mantido na reunião do Copom da semana passada. A autoridade monetária reforça que a manutenção dos juros altos é necessária para conter a inflação, ainda pressionada por custos de energia e pela dinâmica internacional.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/inflacao-ipca-15-sobe-048-em-setembro-puxado-por-alta-na-energia-eletrica-mas-preco-dos-alimentos-cai/