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Uma nova pesquisa divulgada nesta quarta-feira (16) pelo instituto Quaest mostra que a maioria dos brasileiros é favorável à adoção de medidas que ampliem a justiça tributária no país. O levantamento revela que 75% dos entrevistados apoiam a proposta de isenção total do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil por mês, enquanto 60% defendem o aumento da alíquota para os chamados “super-mais ricos”.

O estudo, contratado pela Genial Investimentos, foi realizado entre os dias 10 e 14 de julho, com 2.004 entrevistas em 120 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.

Os números revelam que há respaldo consistente da população à ideia de reduzir a carga tributária sobre os mais pobres e elevar a contribuição dos mais ricos como forma de combater desigualdades. Segundo o levantamento, 63% concordam com essa redistribuição da carga fiscal. Apenas 33% se posicionaram contra, enquanto 4% não souberam ou preferiram não opinar.

Apesar do forte apoio às medidas, 56% dos entrevistados afirmaram ainda não ter conhecimento da agenda de justiça tributária promovida pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Apenas 43% disseram já ter ouvido falar sobre o tema, o que aponta para um desafio de comunicação do Planalto em fazer chegar sua proposta à maioria da população.

Polarização e discurso social

O levantamento também investigou a percepção da população sobre o discurso político que contrapõe ricos e pobres. Para 53%, essa retórica “não está certa, porque cria mais briga e polarização no país”. Outros 38% afirmaram que o discurso “está certo, porque chama atenção para os privilégios de alguns”. Nove por cento não souberam ou não quiseram responder.

A divisão reflete o desafio do governo em sustentar uma narrativa que dialogue com demandas por justiça social sem acentuar a sensação de conflito entre classes. Ainda assim, a maior parte dos entrevistados demonstra sensibilidade à desigualdade tributária e vê com bons olhos iniciativas de correção.

Avaliação do governo Lula melhora, puxada por embate com Trump

A pesquisa mostra ainda uma leve recuperação na avaliação do governo Lula. A aprovação subiu de 40% para 43%, enquanto a desaprovação caiu de 57% para 53%, em comparação à rodada anterior. O avanço foi mais expressivo entre eleitores que tradicionalmente não integram a base do presidente, como moradores do Sudeste, pessoas com ensino superior e brasileiros com renda entre dois e cinco salários mínimos.

Um dos fatores que contribuíram para a melhora foi a recente crise diplomática entre o Brasil e os Estados Unidos. O enfrentamento do presidente Lula à decisão de Donald Trump de impor tarifas de 50% a produtos brasileiros foi bem recebido pela população: 53% concordam com a resposta de reciprocidade adotada pelo governo, enquanto 72% consideram que Trump está errado. Além disso, 79% acreditam que o chamado “tarifaço” terá impacto negativo direto em suas vidas.

Economia ainda pesa na avaliação geral

Apesar da leve melhora na imagem do governo, a percepção sobre a economia continua negativa. Para 46% dos entrevistados, a situação econômica do país piorou nos últimos 12 meses. Apenas 21% disseram perceber alguma melhora.

Os dados indicam que a insatisfação com a economia ainda é um entrave para a consolidação do apoio popular, mesmo com a retomada do debate sobre justiça tributária e as medidas recentes adotadas pelo governo para se posicionar internacionalmente em defesa dos interesses brasileiros.

Ao que tudo indica, há espaço político para avançar na reforma tributária com viés progressivo, desde que o governo consiga traduzir suas intenções em ações claras e bem comunicadas. O desafio, agora, é tornar conhecida essa agenda e mostrar seus impactos concretos na vida dos brasileiros.